NATAL DO EXPRESSÃO MULHER-EM / 2018 / 2019
Amigos,
a insensibilidade matou o Papai Noel e vem matando o espírito de Natal em nós? Ou somos NÓS que estamos matando a Poesia e o Sonho a cada dia, parecendo cúmplices do ódio, do desrespeito, da falta de sensatez, da intolerância e da imensa falta de amor no que se está vivendo?
Desculpas à parte pela ausência de postagem relativa ao tema desde 2018, reivindico o meu papel de ser humano e cidadã acima dos credos e das inclinações de cunho político: sou um coração que se pretende solidário, disciplinado e amante da Vida e de suas maravilhas. Um coração que sofre e que verdadeiramente está de luto, Sobre ele gargalha uma realidade que ele repudia e da qual ainda não conseguiu se desembaraçar.
Bem guardados comigo estão os desejos de Paz, Amor e Poesia, filosofia do blogue Expressão Mulher-EM desde a sua criação pela sempre querida Ilka Vieira.
No momento certo as postagens serão retomadas.
Agradecida por sua compreensão e um abraço fraterno.
Regina Coeli Rebelo Rocha
Rio de Janeiro/RJ, 26 de fevereiro de 2020.
(Crédito: charge de Carlos Latuff)
DIA INTERNACIONAL DA MULHER / 2018
MULHER — asas para
voar.
Neste Dia Internacional da Mulher / 2018, o
Blogue Expressão Mulher-EM abraça as suas mulheres, as suas lutas e as suas
asas, ávidas de voo. Para vocês, ROSAS!
Sempre foi — e ainda é — bastante difícil
para a mulher realizar-se profissionalmente, porque, muitas vezes, ela é também
esposa e mãe.
É sabido que não há igualdade entre homens
e mulheres: as possibilidades são sempre maiores para eles, ou seja, os homens
podem mais.
Na área das letras, mais especificamente na
Poesia, facilmente se comprova que o
número de poetas homens é bem maior do que o de mulheres poetas (ou poetisas). Muito
provavelmente isso se justifica pelo fato de a escrita, além da vocação, estar calcada
em, pelo menos, três outros requisitos: tempo, concentração e dedicação.
Na área da essência da Poesia, da
expressividade dos versos, a diminuta
poesia feminina foi sempre balizada por regras convencionais, resultando em
manifestações poéticas que longe estavam de exprimir tudo o que sua autora sentia.
Os homens, críticos em potencial, muitas vezes se referem à poesia da mulher como “poesia
pó-de-arroz”.
Entretanto, vozes femininas vêm rompendo barreiras e arrebentando grilhões, inundando
os versos com o mundo interior da mulher que ama, sente e deseja; ou seja, revela-se
o mundo das sensações “proibidas” da mulher, o mundo maravilhoso do desejo
feminino.
O Blogue EM se orgulha de ter em suas
páginas poetisas que não buscaram “escandalizar”, mas sim fazer caminhar com
coragem pelo verso poético o seu sentir mais latente, sensual e verdadeiro.
Ei-las (e a sua sensual poesia):
Ei-las (e a sua sensual poesia):
SOROR
DOLOROSA
Sarah de Tobias
(grafia da época)
Sarah de Tobias
(grafia da época)
Reconforta-me
a furia dos devassos,
0 suspiro rithmado dos violinos,
O coleio febril dos corpos lassos
E os violentos impulsos femeninos.
Irrita-me a cadencia dos meus passos,
O pello acariciante dos felinos,
O triste colorido dos espaços,
E o rithmo lento dos enfermos sinos...
Tortura-me o desejo das perdidas,
Das que trilham do vicio a longa estrada,
Das que fingem e são apetecidas...
Mas revolta-me o cerco destes muros,
Onde vivo escondida e torturada
Mostrando ás outras pensamentos puros...
0 suspiro rithmado dos violinos,
O coleio febril dos corpos lassos
E os violentos impulsos femeninos.
Irrita-me a cadencia dos meus passos,
O pello acariciante dos felinos,
O triste colorido dos espaços,
E o rithmo lento dos enfermos sinos...
Tortura-me o desejo das perdidas,
Das que trilham do vicio a longa estrada,
Das que fingem e são apetecidas...
Mas revolta-me o cerco destes muros,
Onde vivo escondida e torturada
Mostrando ás outras pensamentos puros...
(Do livro Emoções
Secretas, 1924)
Arte de Ilka Vieira
SARAH
DE TOBIAS
(nenhuma outra informação além da publicação do livro EMOÇÕES SECRETAS editado em 1924)
EPISÓDIO
Yde (Adelaide) Schloenbach
Blumenschein – “Colombina”
(São
Paulo/SP, 1882-1963)
O
reflexo do ocaso ensanguentado
doirava ainda aquele fim de dia...
De um frasco de cristal, mal arrolhado,
um cálido perfume se esvaía...
Junto ao teu corpo nu, convulsionado,
que de desejo e de volúpia ardia,
o meu corpo, nessa hora de pecado,
uma ânfora de gozo parecia.
Na quietude da tarde agonizante,
um beijo prolongado, delirante,
a flama da paixão veio acender.
E toda a minha feminilidade
era uma taça de sensualidade,
transbordante de vida e de prazer!
doirava ainda aquele fim de dia...
De um frasco de cristal, mal arrolhado,
um cálido perfume se esvaía...
Junto ao teu corpo nu, convulsionado,
que de desejo e de volúpia ardia,
o meu corpo, nessa hora de pecado,
uma ânfora de gozo parecia.
Na quietude da tarde agonizante,
um beijo prolongado, delirante,
a flama da paixão veio acender.
E toda a minha feminilidade
era uma taça de sensualidade,
transbordante de vida e de prazer!
(Do livro Rapsódia Rubra: poemas à carne – 1961)
INTIMIDADE
Yde (Adelaide) Schloenbach
Blumenschein – “Colombina”
Toda
alcova em penumbra. Em desalinho o leito,
onde,
nus, o meu corpo e o teu corpo, estirados
na
fadiga que vem do gozo satisfeito,
descansam
do prazer, felizes, irmanados.
Tendo a
minha cabeça encostada ao teu peito,
e,
acariciando os meus cabelos desmanchados,
és tão
meu... Sou tão tua. Ainda sob o efeito
da
louca embriaguez dos momentos passados.
Porém,
na tua carne insaciável, ardente,
o
desejo reacende, estua... E, de repente,
dos
meus seios em flor beijas a rósea ponta...
E se
unem outra vez a lúbrica bacante
do meu
ser e o teu sexo impávido, possante,
na
comunhão sensual de delícias sem conta...
(Do
livro Rapsódia Rubra: poemas à carne – 1961)
A CARNE
Yde (Adelaide) Schloenbach
Blumenschein – “Colombina”
Exiges.
És ciumenta e egoísta. Não admites
qualquer rivalidade, ou que algo te suplante.
És forte e audaz no teu domínio sem limites,
capaz de transformar a vida, num instante.
És mísera e brutal. Mas nada obsta que agites
e açambarques o mundo! E que essa alucinante
e estranha sensação, que aos humanos transmites,
tenha, como nenhuma, um halo deslumbrante.
Ó carne que possuis no teu imo maldito
mais lodo que contém um charco pantanoso,
mais esplendor também que os astros do Infinito!
Rugindo de volúpia e de sensualidade,
espalhando na terra apoteoses de gozo,
ó carne, serás tu, a única verdade?
qualquer rivalidade, ou que algo te suplante.
És forte e audaz no teu domínio sem limites,
capaz de transformar a vida, num instante.
És mísera e brutal. Mas nada obsta que agites
e açambarques o mundo! E que essa alucinante
e estranha sensação, que aos humanos transmites,
tenha, como nenhuma, um halo deslumbrante.
Ó carne que possuis no teu imo maldito
mais lodo que contém um charco pantanoso,
mais esplendor também que os astros do Infinito!
Rugindo de volúpia e de sensualidade,
espalhando na terra apoteoses de gozo,
ó carne, serás tu, a única verdade?
(Do livro Distância: poemas de amor e de renúncia, 1948)
SER MULHER...
Gilka
Machado
(Rio
de Janeiro/RJ, 1893-1980)
(grafia da época)
Ser mulher, vir á luz trazendo a alma talhada
para os gosos da vida: a
liberdade e o amôr;
tentar
da gloria a etherea e, altivola escalada,
na
eterna aspiração de um sonho superior...
Ser mulher, desejar outra alma pura e alada
para poder, com ella, o
infinito transpor;
sentir
a vida triste, insipida, isolada,
buscar
um companheiro e encontrar um senhor...
Ser mulher, calcular todo o infinito curto
para a larga expansão do
desejado surto,
no
ascenso espiritual aos perfeitos ideaes...
Ser mulher, e, oh! atroz, tantalica tristeza!
ficar na vida qual uma águia
inerte, preza
nos
pezados grilhões dos preceitos sociaes!
(Do
livro Crystaes Partidos, 1915)
ANCIA AZUL (grafia da época)
Gilka
Machado
A Francisca Julia
da Silva*
Manhans azues, manhans cheias do pollen de ouro
que
das azas o Sol levemente saccode!...
quem
dera que, numa ode,
como
numa redôma,
eu
pudesse contêr o intangivel thezouro
da
vossa luz, da vossa côr, do vosso arôma!
Manhans azues, manhans em que as aves, em bando,
entoam
pelo espaço o hymno da Liberdade!
Que
anceio formidando!
Que
sêde de infinito o cérebro me invade!
Esta
luz, esta côr, este perfume brando,
que
se evola de tudo e que, de quando em quando,
o
Vento — acolyto mudo,
passa
thuribulando;
esta
mystica fala,
que
das cousas se exhala:
e
conclama, e resôa
em
toda a natureza,
como
uma etherea lôa
entoada
á vossa olympica belleza;
tudo
á libertação, tudo ao prazer convida
e
faz com que a creatura ame um momento a Vida.
Lindas manhans azues!
manhans
em que, qual um zumbido
de
tão intensa, a luz
sôa
por todo o ambiente, echôa-me no ouvido,
e
o Sol no alto espreguiça as múltiplas antennas,
quente,
lúcido e louro,
como
um bezouro
de
ouro.
Manhans
suaves, serenas,
manhans
tão mansas, tão macias,
que
pareceis feitas de pennas
e
melodias...
Tudo se espiritualisa
á
vossa côr sublime, suggestiva,
onde
ha dedos de luz levemente a accenar...
a
essa invencivel suggestão captiva,
na
aza abstracta da brisa,
a
alma das cousas sobe e fluctua pelo ar.
Eu, como as cousas, sinto indefinidas ancias:
a
attracção do Ignorado,
a
attracção das Distancias,
a
attracção desse Azul,
ao
qual meu pobre ser quizera transportado
vêr-se,
da Terra exul.
E
que gôso sentir-me em plena liberdade!
longe
do jugo vil dos homens e da ronda
da
velha Sociedade
—
a messalina hedionda
que,
da vida no eterno carnaval,
se
exhibe phantasiada de vestal.
Manhans azues, manhans em que os vírides prados,
pelo
vento ondulados,
parecem
mares calmos,
e
os mares, mollemente espreguiçados,
sobre
as praias espalmos,
são
vastos, verdes e floridos prados.
Manhans
em que nas estradas
—
lindas romeiras, enfileiradas,
diante
do vosso sumptuoso templo,
que
alto reluz — as arvores contemplo,
dansando
todas, com gestos lentos,
ao
som dos ventos,
na
festa sacra da vossa luz!
O' mágicas manhans!
vós
me trazeis ao cérebro ancias vans.
O
fulgor que de vós se precipita,
perturba
minha vida de eremita,
açora-me
os sentidos
na
narcose do tédio amortecidos;
ao
vêr a Natureza toda em festa,
do
seu pagode abrir as portas, par em par,
o
meu sêr manifesta
desejos
de cantar, de vibrar, de gosar!...
Esta alma que eu carrego amarrada, tolhida,
num
corpo exhausto e abjecto,
ha
tanto acostumado a pertencer á Vida
como
um traste qualquer, como um simples objecto,
sem
gôso, sem conforto
e
indifferente como um corpo morto;
esta
alma, acostumada a caminhar de rastos,
quando
fito estes céos, estes campos tão vastos,
aos
meus olhos ascende e deslumbrada avança,
tentando
abandonar os meus membros já gastos,
a
saltar, a saltar, qual uma alma de creança.
E
analysando então meus movimentos,
indecisos
e lentos,
de
humanisada lêsma,
eu
tenho a sensação de fugir de mim mêsma,
de
meu sêr tornar noutro,
e
sahir, a correr, qual desenfreado pôtro,
por
estes campos,
escampos.
De que vale viver,
trazendo
na existência emparedado o sêr?
Pensar
e, de continuo, agrilhoar as idéas
dos
preceitos sociaes nas tôrpes ferropéas;
ter
impetos de voar,
mas
preza me manter no ergastulo do lar,
sem
a libertação que o organismo requer;
ficar
na inercia atróz que o ideal tolhe e quebranta...
................................................................................
Ai!
antes pedra sêr, insecto, verme ou planta,
do
que existir trazendo a forma da Mulher!
Aves!
Quem
me déra têr azas,
para
acima pairar das cousas rasas,
das
podridões terrenas,
e
sahir, como vós, ruflando no ar as pennas,
e
saciar-me de espaço, e saciar-me de luz,
nestas
manhans tão suaves!
nestas
manhans azues, lyricamente azues!
(Do livro Crystaes Partidos, 1915)
(*) – poetisa brasileira Francisca Julia da Silva (1871-1920)
GILKA MACHADO
Para o seu deleite, MULHER, o talento e a especial carícia do poeta Affonso Romano de Sant'Anna em oito fragmentos poéticos da mais sedutora amorosidade.
Affonso Romano de
Sant’Anna
Artista
e intelectual , com uma produção diversificada e consistente, pensa o Brasil e
a cultura do seu tempo, e se destaca como teórico, como poeta, como cronista,
como professor, como administrador cultural e como jornalista. Com mais de 40
livros publicados, professor em diversas universidades, seu talento foi
confirmado pelo estímulo recebido de várias fundações internacionais. Nasceu em
Belo Horizonte, MG, no ano de 1937.
Fonte:
https://leopoldinense.com.br/coluna/664/poemas-de-affonso-romano-de-sant--anna
"O amor com
seus contrários se acrescenta”
(Camões)
"Poemas para
a Amiga"
(Fragmento 1)
Tu sempre foste una e sempre foste minha, ainda quando a cor e a forma tua se fundiam com outra forma e cor que tu não tinhas. Por isto é que te falo de umas coisas que não lembras nem nunca lembrarias de tais coisas entre mim e ti ainda quando tu não me sabias e dividida em outras te mostravas e assim dispersa me ouvias. Tu sempre foste uma ainda quando o corpo teu com outro corpo a sós se punha, pois o que me tinhas a dar a outro nunca o deste e nunca o doarias. Por isto é que te sinto com tanta intimidade e te possuo com tanta singeleza desde quando recém vinda ostentavas nos teus olhos grande espanto de quem não compreendia a antiguidade desse amor que em mim fluía. |
"Poemas para a Amiga"
(Fragmento 2)
Eu sei quando te amo:
é quando com teu corpo eu me
confundo,
não apenas nesta mistura de
massa e forma,
quando na tua alma eu me
introduzo
e sinto que meu sangue corre em
ti,
e tudo que é teu corpo
não é que um corpo meu
que se alongou de mim.
Eu sei quando te amo:
é quando eu te apalpo e não te
sinto,
e sinto que a mim mesmo então
me abraço,
a mim
que amo e sou um duplo,
eu mesmo
e o corpo teu pulsando em mim.
"Poemas para
a Amiga"
(Fragmento 3)
É
tão natural
que eu te possua é tão natural que tu me tenhas, que eu não me compreendo um tempo houvesse em que eu não te possuísse ou possa haver um outro em que eu não te tomaria. Venhas como venhas, é tão natural que a vida em nossos corpos se conflua, que eu já não me consinto que de mim tu te abstenhas ou que meu corpo te recuse venhas quando venhas. E de ser tão natural que eu me extasie ao contemplar-te, e de ser tão natural que eu te possua, em mim já não há como extasiar-me tanto a minha forma se integrou na forma tua. |
"Poemas para
a Amiga"
(Fragmento 4)
As
vezes em que eu mais te amei
tu o não soubeste e nunca o saberias. Sozinho a sós contigo em mim mesmo eu te criava, em mim te possuía De onde vinhas nessas horas em que inteira eu te envolvia, nem eu mesmo o sei e nunca o saberias Contudo, em paz eu recebia o carinho, compungindo o recebia, tranqüilo em meu silêncio e tão tranqüilo e tão sozinho que calmamente eu consentia: - que ainda que muito me tardasse mais ainda, um outro tanto, eu sempre esperaria. |
"Poemas para
a Amiga"
(Fragmento 5)
Tanto
mais eu te contemplo
tanto mais eu me absorvo e me extasio Como te explicar o que em teu corpo eu sinto, o que em teus olhos vejo, quando nua nos meus braços nos meus olhos nua, de novo eu te procuro e no teu corpo vou-me achar? Como te explicar se em teu corpo eu me eternizo e de onde e como sendo eu pequeno e frágil pelo amor me dualizo? Tanto mais eu te possuo tanto mais te tornas bela, tanto mais me torno eu puro. E à força de tanto contemplar-te e de querer-te tanto, já pressinto que em mim mesmo eu não me tenho, mas de meu ser, ora vazio, pouco a pouco fui mudando para o teu ser de graça cheio. |
"Poemas para
a Amiga"
(Fragmento 6)
Estás
partindo de mim
e eu pressinto que me partes, e partindo, em ti me vai levando, como eu que fico e em mim vou te criando. Tanto mais tu me despedes e te alongas, tanto mais em mim vou te buscando e me alongando, tanto mais em mim vou te compondo e com a lembrança de teu ser me conformando. Estás partindo de mim e eu pressinto na verdade, há muito que partias, há muito que eu consinto que tu partas como um mito... Mas não és a única que partes nem eu o único que fico: sei que juntos e contrários nos partimos: -pois tanto mais nos desencontros nos revemos, tanto mais nas despedidas consentimos. |
"Poemas para
a Amiga"
(Fragmento 7)
Estranho
e duro amor
é o nosso amor, amante-amiga, que não se farta de partir-se e não se cansa de querer-se. Amor todo feito de distâncias necessárias que te trazem e de partidas sucessivas que me levam. Que espécie de amor é esse amor que nos doamos sem pensar e sem querer com tanto amor e tão profundo magoar? Estranho e duro amor que não se basta e de outros amores se socorre e se compensa e neste alheio compensar-se nunca se alimenta, mas se avilta e se desgasta. Estranho amor, ferino amor, instável amor feito sem muita paz, com certo desengano e um desconsolo prolongado. Feito de promessas sem futuro e de um presente de saudades. Chorar tão dúbio amor quem há-de? Estranho amor e duro amor incerto amor, que não te deu o instante que esperavas e a mim me sobejou do que faltava. |
"Poemas para
a Amiga"
(Fragmento 8)
Contemplo
agora
o leito que vazio
se contempla. Contemplo agora o leito que vazio em mim se estende e se me aproximo existe qualquer coisa trescalando aroma em mim. Onde o teu corpo, amante-amiga, onde o carinho que compungido em recebia e aquela forma que tranquila ainda ontem descobrias? Agora eu te diria o quanto te agradeço o corpo teu se o me dás ou se o me tomas, e o recolhendo em mim, em mim me vais colhendo, como eu que tomo em ti o que de ti me vais doando. Eu muito te agradeço este teu corpo quando nos leitos o estendias e o me davas, às vezes, temerosa, e, ofegante, às vezes, e te agradeço ainda aquele instante (o percebeste) em que extasiado ao contemplá-lo em mim me conturbei -(o percebeste) me aguardaste e nos olhos te guardei. Eu muito te agradeço, amante-amiga, este teu corpo que com fúria eu possuía, corpo que eu mais amava quanto mais o via, pequeno e manso enigma que eu decifrei como podia. Agora eu te diria o que não soubeste e nunca o saberias: o que naquele instante eu te ofertava nunca a mim eu já doara e nunca o doaria. Nele eu fui pousar quando cansado e dúbio, dele eu fui tomar quando ofegante e rubro, dele e nele eu revivia e foi por ele que eu senti a solidão, e o amor que em mim havia. Teu corpo quando amava me excedia, e me excedendo com o amor foi me envolvendo, e nesse amor absorvente de tal forma absorvendo, que agora que o não tenho não sei como permaneço nesta ausência em que tuas formas se envolveram, tanto o amor e a forma do teu corpo no meu corpo se inscreveram.
Autor:
Affonso Romano de Sant'Anna
|
BENEDICTA DE MELLO, VIDA E OBRAS (POESIA)
QUEM É BENEDICTA DE MELLO E O
QUE SE DIZ DE SEUS LIVROS:
Luiz
Edmundo (imortal da Academia Brasileira de Letras) ouve de Benedicta de Mello,
ao entrevistá-la:
—
Vim ao mundo em Vicência, nos cafundós de Pernambuco, um lugarejo pobre,
atrasado, esquecido do mundo... E pôs-se a recitar:
"Eu nasci num recanto de palmeira,
Era em meio da selva o meu ranchinho
Pequeno, de sapê, tão pobrezinho
Que pobre me fez sempre a vida inteira."
Em
Vicência nasci e me criei, sob a guarda e a ternura de meus pais. Só tarde,
muito tarde, pude saber que outros possuíam, neste mundo, mais um, sentido do
que eu. Não me impressionei, porém, com essa revelação. Em meio ao mágico
esplendor da natureza que me agasalhava, eu me sentia venturosa, ouvindo a voz
familiar dos meus, o sonoro cantar dos pássaros, os rumores do vento e até os
plácidos gemidos de um pequeno regato, um
tênue
fio de água, preguiçoso, que atrás da nossa casa, vagaroso, fluía.
Entretinha
meu pai, por esse tempo, relações de amizade com vários cantadores do lugar.
Esses menestréis do sertão enchiam, freqüentemente, o nosso rancho, com as suas
violas de corda de metal e as suas ingênuas e estouvadas cantorias.
Ainda
trago fresquinha, na memória, a lembrança dessas tertúlias singulares, que
enchiam de sonhos a minha infância.
Ainda
ouço o Zé da Taquara, ponteando, barulhando, a sua módula viola, em seus
desafios:
"Eu não vejo quem me afronte
Nestes versos de seis-pé!
Pegue o pinho, companheiro
E cante como quisé.
Que eu mordo e belisco a isca
Sem cair no Jereré!"
Esses
torneios, em geral gaiatos, muito me divertiam e de modo tal, que, em breve,
comecei ousadamente a intrometer-me, lançando, de quando em quando, o meu
versinho... Como se está
vendo,
muito cedo comecei tomando parte nesses recontros improvisados, enfrentando
valentes trovadores, deveras convencida e até vaidosa de ver como eles me
levavam a sério...
Dos
ranchos nossos vizinhos vinham convites. Era a ceguinha
insistentemente convidada para tomar parte em desafios. Não me fazia rogada.
Aos doze anos, a trovadora sertaneja tinha melhorado bastante.
Zé
da Taquara, certa vez, num de seus repentes, perguntou qualquer coisa que logo
respondi, fazendo, por minha vez uma pergunta. Não me respondeu, como eu
queria, o precipitado cantador. Retruquei-lhe, nesta sextilha que ainda hoje
guardo num cantinho da memória:
"A resposta direitinha,
O cantador não me deu.
Se ele crê que sabe muito,
Sabe menos do que eu,
Venha depressa, a resposta
De quem não me respondeu...”
A
esses versos, de expressão humorística, tão a feição do caboclo da terra,
sucederam outros, graves, sérios, que eu já compunha sem ser ao som
da viola. Foi num ambiente de sonho e de poesia, que passei as horas mais
felizes de minha descuidada meninice...
Andava
eu perto dos meus treze anos, quando um forasteiro apareceu em nossa casa e nos
falou da existência de um educandário que havia na cidade do Rio de Janeiro,
onde os cegos, gratuitamente, eram instruídos em todas as disciplinas que se
ensinam aos videntes, pelo um método inventado por Braille.
Alvoroçou-me
enormemente, a extraordinária nova. Assim, pensei eu, poderia ler, escrever e
contar, conhecer várias matérias, coisa que eu até então considerava como uma
espécie de graça, a nós cegos negada e concedida apenas aos que possuíssem o
sentido da vista! Ah! Pensava eu, jubilosa,
poder escrever os meus versos e lê-los quando quisesse, sem me valer, para
isso, da falível memória de terceiros! Saber tudo, deliciar-me em livros
que tudo contam e que os outros nem sempre me contavam!...
À
minha mãe, pedi que me mandasse para tão famoso educandário do Rio de Janeiro,
escola que instruía, sem a menor despesa para os pais, as crianças cegas. Ah! A
ânsia que eu tinha de aprender...
—
Não pode ser, respondeu-me ela. Se você fosse um homem eu não consentiria,
quanto mais sendo cega e mulher!
E
vieram as razões: de um lado, os recursos monetários, de outro, a
impossibilidade de poder acompanhar-me em tão grande jornada. Para ela, alem
disso, o Rio de Janeiro era uma cidade de perdição.
—
Se uma mulher já feita, acrescentava, naquele báratro infernal, de pecado e de
vício, com dificuldade pode defender-se, quanto mais uma inesperta e tímida
menina com treze anos apenas e
privada da visão. É pôr de lado a idéia que é absurda.
Um
alvitre somente me restava: fugir de casa, abandonar Vicência, Pernambuco e
seguir, sozinha embora, para o Rio de Janeiro. E não é que fugi?
Para
alguma coisa havia de servir a popularidade conquistada, em Vicência, pela
menina cantadeira. Possuía amigos, ótimos amigos, todos acordes, todos
aprovando os meus legítimos projetos.
Entre
as famílias do lugar, uma, a do Dr. Theodomiro Duarte, foi a que por mim, com a
mais viva insistência e a maior das coragens, abertamente se bateu. A ela, devo
a guarida que então tive, no dia em que fugi, abandonando a casa. Meu pai havia
falecido anos atrás. A família Duarte, ainda sou credora da ajuda que depois
tive, na jornada que me levou a capital de Pernambuco, onde fui carinhosamente
recebida por uma outra família amiga, que se incumbiu do meu embarque.
Fui,
depois, conduzida a bordo do vapor "Brasil'’, um veterano calhambeque que
pertenceu ao Lloyd Brasileiro, instável e vagaroso barco que vinha se
arrastando de Belém do Pará, em direção ao Rio, onde cheguei ao fim de sete
dias. A bordo, no momento de embarcar no Recife, fui posta sob a tutela de uma D.
Edésia, que ocupava uma cabine de primeira classe. Vinha eu, com um bilhete de
terceira. Na hora do desembarque, essa mesma senhora,
que, durante toda a travessia, me cercara de cuidados e mimos, eclipsou-se de
repente e desapareceu.
Valeu-me nesse contratempo, o socorro amistoso de uma camareira de bordo, que me conduziu à residência do Dr. Zeferino Pontual, velho conhecido da família Duarte, cujo endereço eu trazia guardado, cuidadosamente na memória. Não o achamos, porém, pois ele havia mudado de residência. De vizinhos, não sem dificuldades, obtivemos indicação de sua nova morada — ruma pensão na Rua do Senado. Para lá me guiaram. Achei-o, felizmente.
Valeu-me nesse contratempo, o socorro amistoso de uma camareira de bordo, que me conduziu à residência do Dr. Zeferino Pontual, velho conhecido da família Duarte, cujo endereço eu trazia guardado, cuidadosamente na memória. Não o achamos, porém, pois ele havia mudado de residência. De vizinhos, não sem dificuldades, obtivemos indicação de sua nova morada — ruma pensão na Rua do Senado. Para lá me guiaram. Achei-o, felizmente.
Imagine-se,
agora, o espanto do Dr. Pontual, ante a presença da menina cega que há anos não
via e que ali se apresentava, inesperadamente, a pedir, a implorar que ele a
conduzisse à escola que acolhia os cegos pobres do Brasil, para que nela fosse,
sem demora, internada!
A
surpresa talvez não fosse muito agradável!... Abraçou-me porém, sorrindo e
prometeu cuidar do que eu, com tanto ardor, pedia. Apenas não estava em
condições, disse, de agasalhar-me em sua
residência. Conduziu-me a casa de uns amigos seus, no bairro de Botafogo, onde
eu deveria ficar até que se aplainassem certas dificuldades que certamente
surgiriam, para o meu internamento. E foram elas enormes, porque, alem de ser
menor, eu não
poderia apresentar nem um só dos documentos exigidos pelo educandário. Findaram-se,
afinal, os embaraços que dificultavam a minha entrada no Instituto, esse
abençoado educandário onde me instruí, me eduquei e me fiz professora.
Em
1938 casei.
Quanto
às influencias que decidiram de minha formação como escritora, posso dizer que
a noção rigorosa do ritmo, bem como a contagem métrica do verso, eu as aprendi
ouvindo os cantadores do sertão. Não sou levada a crer que deles pudesse
receber ponderáveis influxos. Estes vieram depois, com o conhecimento de poetas
como Gonçalves Dias, Castro Alves, Casimiro de Abreu e acima de tudo, os que
formaram a geração de Bilac: Alberto de Oliveira e Raimundo Correia, para não
citar outros.
Os meus primeiros versos foram publicados em Portugal, sem ter jamais, por lá, posto os meus pés. Sucedeu que uma grande amiga, Maroquinhas Jacobina Rabelo, em viagem pela Europa, passou por Lisboa, onde Thomás Ribeiro Colaço então dirigia uma revista literária — "O Fradique". Minha amiga mostrou-lhe os meus versos e Colaço, que sempre demonstrou grande amor ao Brasil, dedicou uma página inteira de seu mensário à poetisa cega, transcrevendo os seus versos e desdobrando-se em louvores que muito a sensibilizaram.
Os meus primeiros versos foram publicados em Portugal, sem ter jamais, por lá, posto os meus pés. Sucedeu que uma grande amiga, Maroquinhas Jacobina Rabelo, em viagem pela Europa, passou por Lisboa, onde Thomás Ribeiro Colaço então dirigia uma revista literária — "O Fradique". Minha amiga mostrou-lhe os meus versos e Colaço, que sempre demonstrou grande amor ao Brasil, dedicou uma página inteira de seu mensário à poetisa cega, transcrevendo os seus versos e desdobrando-se em louvores que muito a sensibilizaram.
Naturalmente,
a notícia havia de ecoar entre nós. As palavras de Colaço foram aqui
transcritas, bem como minhas pálidas estrofes...
Devo,
ainda, a Maroquinhas Rabelo, a impressão do livro com o qual me apresentei a
crítica do meu país. Publiquei, em seguida, SOL NAS TREVAS, graças à ajuda de
outra grande amiga, Helena Ferraz,
filha de Bastos Tigre, que seguindo as gloriosas pegadas do pai, e ativa
colaboradora de diversos jornais, entre os quais o "Correio da
Manhã", sob pseudônimo de Álvaro Armando. Helena apresentou-me a Agripino
Grieco que prefaciou meu livro.
Aqui terminou a entrevista, mas não a obra de Benedicta, que prosseguiu escrevendo e com este conta seu quinto livro de poesias, além de uma coletânea de versos patrióticos.
Aqui terminou a entrevista, mas não a obra de Benedicta, que prosseguiu escrevendo e com este conta seu quinto livro de poesias, além de uma coletânea de versos patrióticos.
Sobre
seu primeiro livro: LANTERNA ACESA, publicado em 1935 e reeditado em 1977,
Thomaz Ribeiro Colaço, editor português diz: "...uma revelação sensacional
para as letras portuguesas e para as letras brasileiras, esses formosíssimos
sonetos, ainda inéditos.
Com
a revelação de um grande nome de mulher que sofre e sabe contar o seu tormento,
de mulher que chora e sabe converter em beleza as suas lágrimas, continua este
jornal a cumprir sua missão.
Na
limpidez maravilhosa de seus ritmos, a força conceptiva e criadora de B. de M.,
põe em relevo sua grande riqueza de imaginação poética.
LANTERNA
ACESA é uma estrela que Deus acendeu em sua alma."
SOL
NAS TREVAS — dado a lume em 1944, mereceu, entre muitas palavras elogiosas dos
críticos, uma página de Roger Bastide, em "Don Casmurro" de 11 de
agosto. Transcrevemos aqui alguns trechos de seu artigo intitulado "Luz na
Sombra”:
"A
antigüidade quis que fossem cegos, o maior de seus poetas e o maior de seus
adivinhos: Homero e Tiresias, para mostrar que aqueles que não possuem olhos
para contemplar o mundo cotidiano, manchado pelo pecado dos homens, possuem um
outro mundo, infinitamente mais luminoso e genial — o mundo das profundezas da
alma.
Eis que uma moça de Pernambuco, Benedicta de Mello, cega de nascimento, deixa seu coração cantar, às vezes triste, mas freqüentemente confiante e sempre bom e nobre e derrama grande porção da música interior que está nela, que brota das sombras de sua cegueira; assim nos brinda com um livro cujo título é SOL NAS TREVAS.
Eis que uma moça de Pernambuco, Benedicta de Mello, cega de nascimento, deixa seu coração cantar, às vezes triste, mas freqüentemente confiante e sempre bom e nobre e derrama grande porção da música interior que está nela, que brota das sombras de sua cegueira; assim nos brinda com um livro cujo título é SOL NAS TREVAS.
A
poetisa pernambucana, às vezes se deixa levar pela linguagem dos clarividentes,
como "O Algodoeiro", que é um
lindo jogo de imagens, um jogo sobre cores, ou ainda em certos versos como
este:
"Em tarde cor-de-rosa e sob um céu de anil..."
Muito mais originais, porém, são poemas como FAZENDA DA PAULICÉIA, mais sinceros, pois são cheios de ruídos, de perfumes, de sensações sutis, de sentimentos quase afetivos de luz quente e de sombras frescas:
"Gemer de flauta na cabana escura;
Pelas manhãs, gorjeios na mangueira..."
É
nessa diretriz que deve empenhar-se Benedicta de Mello, para conquistar o lugar
que merece. Aliás, é preciso reconhecer que é essa via que a poetisa seesforça
por seguir. São exemplos disso, seus emocionantes poemas em que o amor ao
Brasil é alcançado por outros sentidos que não a vista, entre os quais se
salientam: "Quero-te meu Brasil" ou "Bandeira", que assim
começa:
"Bandeira linda! Não te vejo as cores"...
e que termina com os versos tão impositivos:
"é que o ver não importa para amar-te,
é que de tanto amar-te eu penso ver-te".
Versos
como os que se seguem, trescalam infinita doçura e misticismo:
"Eu
não sou infeliz no meu rincão.
Infeliz não será quem
assim goza
da natureza mais prodigiosa
que
imaginou a eterna perfeição.
Durmo
a sorrir, na rede de algodão
suspensa aos galhos da árvore frondosa,
ouvindo a
sinfonia majestosa
da passarada em doida orquestração.
..................................
Eu
não sou infeliz na terra imensa
onde
o homem que é livre, escreve e pensa
na doce e eterna língua de Camões."
Sobre VERSOS DO MEU BRASIL, publicado em 1945, o mesmo crítico diz:
"Dir-se-ia
que a arte desta nobre 'artista do verso, cada vez mais se aprimora no culto
transcendente dos símbolos e na surpreendente delicadeza das suas lindas
imagens. Abre o livro, o lindo soneto "Invocação":
"O Brasil és tu mesmo, brasileiro!
É por amor a ti que o tens de amar
Desde os vales profundos, ao Cruzeiro,
Das fronteiras ao teto do teu lar!"
Desde os vales profundos, ao Cruzeiro,
Das fronteiras ao teto do teu lar!"
No soneto "Guanabara", a poetisa, em versos magníficos, exalta, no sentimento da grandeza brasileira, a nossa envolvente generosidade:
"O Brasil é carioca, alma indulgente,
que tem na Guanabara o coração
imenso, aberto para toda a gente."
que tem na Guanabara o coração
imenso, aberto para toda a gente."
Nestas duas jóias, já se pode apreciar que portentoso escrínio constitui o livro da poetisa Benedicta de Mello.
Se
os seus olhos estão extintos para a luz, há em sua alma de eleita, uma visão
muito mais forte que a dos olhos carnais
— a transfiguradora visão da beleza perfeita, do amor infinito, da bondade
imperecível e da pátria imortal."
LUZ
DE MINHA VIDA — editado em 1955, teve sua segunda edição em 1982, acrescida de
um prefácio.
Como
os livros que o precederam, foi carinhosamente acolhido pela crítica.
Eis
um trecho do artigo publicado em Recife, pelo crítico Flósculo Corrêa Lima:
"Sempre
julguei os cegos pessoas à margem dos acontecimentos. Jamais acreditei que a luz
espiritual, desses seres condenados à masmorra da escuridão eterna, fosse tão extraordinária,
a tal ponto que chegasse a ofuscar a luz dos que carregam abertos os olhos para
a vida.
.................................................
.................................................
.................................................
Vêde
bem, amigos, esses versos são clarinadas lúcidas de luz, são
"recuerdos" e baladas próprias para sonhar em noites de lua cheia,
quando o mar prateado é um mundo infinito de felicidade.
Gostaria
de transcrever todo o conteúdo do livro, para que não somente eu, mas todos vós
que admirais as musas e os trovadores, sentísseis o que eu senti, ao penetrar
nesse mundo encantado que é o livro LUZ DE MINHA VIDA da poetisa Benedicta de
Mello."
LUZ
INTERIOR — publicado em 1972, acrescido de um capítulo constituído pelos vinte
e dois sonetos patrióticos que integravam a coletânea "Versos do meu
Brasil", logo esgotada.
Acolhido
com muito agrado por críticos e leitores, mereceu de Carlos Drummond de
Andrade, palavras de carinho como as que se seguem:
"Luz
Interior" — o belo titulo de um belo livro. Poesia em que emoção e realização
verbal se unificam para a serena fruição do leitor".
Apresentamos
agora LÂMPADAS COLORIDAS*, cuja leitura certamente trará aquele sabor de pureza
e de sinceridade que impregna toda a obra de Benedicta de Mello.
Como
todo o artista, B.M. é sensível ao mundo que a rodeia e sofre agora ao ver os
caminhos que a humanidade vai trilhando. Sua obra reflete essa transição.
Rio
de Janeiro, Setembro de 1983.
FONTE:
NOTAS do EM:
(*) - "LÂMPADAS COLORIDAS" é o 5º e último livro de Benedicta de Mello.
- Em ao menos dois dos livros físicos de BENEDICTA DE MELLO, o nome dela é escrito: BENEDITA DE MELLO. No entanto, o blogue EM assume nesta postagem a forma BENEDICTA DE MELLO utilizada pelo Instituto Benjamin Constant ao se referir à poetisa cega que se graduou naquela instituição e na qual atuou como professora.
- Há informações do Instituto Benjamin Constant que apontam o ano de 1906 (e não 1900) como o mais provável para o nascimento de Benedicta de Mello. Veja-se:
- Há informações do Instituto Benjamin Constant que apontam o ano de 1906 (e não 1900) como o mais provável para o nascimento de Benedicta de Mello. Veja-se:
No Mundo das Artes
Benedicta de Mello
Benedicta foi registrada como nascida no Rio de Janeiro, mas é natural
de Vicência, Pernambuco. Membro de uma família numerosa, viveu os primeiros
anos nessa pequena cidade pernambucana. Começou a fazer versos, ainda na
infância, inspirada nos repentistas de sua terra natal. Determinada, saiu de
Pernambuco e superou muitos obstáculos até chegar ao Instituto Benjamin
Constant em 1920, onde se instruiu, se educou e fez-se professora. Dedicou-se
com empenho à melhoria da qualidade de vida de crianças e jovens cegos de
Pernambuco, trazendo-os para se educarem no Instituto Benjamin Constant. Em
1935, publicou seu primeiro livro: *Lanterna acesa*. Seguiram-se: *Sol nas
Trevas, Luz da Minha Vida, Luz Interior* e *Lâmpadas Coloridas*. Dominava a
arte do soneto. Seu nome foi cogitado para a Academia Brasileira de Letras, face
à qualidade, força e beleza de seus versos. Morreu em 1991.
FONTE:
Revista Brasileira para Cegos
Ano LXXIII, n.o 538,
julho/setembro
de 2015
Ministério da Educação
Instituto Benjamin Constant
Rio de Janeiro
Publicação Trimestral de
Informação e Cultura
Clique nos links abaixo para ler BENEDICTA DE MELLO:
Lâmpadas Coloridas - BENEDICTA DE MELLO (Poesia)
Luz de minha vida - BENEDICTA DE MELLO (Poesia)
Sol nas Trevas - BENEDICTA DE MELLO (Poesia)
_________________
Agradecimentos do EM e votos de Saúde e Paz no novo ano.
Rio de Janeiro/RJ, 05 de janeiro de 2018.
Luz de minha vida - BENEDICTA DE MELLO (Poesia)
Sol nas Trevas - BENEDICTA DE MELLO (Poesia)
_________________
Agradecimentos do EM e votos de Saúde e Paz no novo ano.
Rio de Janeiro/RJ, 05 de janeiro de 2018.
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