THECA ANGEL (Brasil)






                              Minha crença está no Amor. No amor carinho, doação.
                              Amar é dar-se, entregar-se sem exigir retorno, 
                              quando este existe, então o amor torna-se eterno, indissolúvel. 

                                        Sem amor sou como a flor que pende
                                        Sua seiva desviou-se, nada mais a sustém
                                        Seu ramo, sem alimento não mais a retém
                                        Frágil, triste, sem sua luz, à dor ela se rende.



VIDA DE MULHER...
Theca Angel

Minha vida segue as batidas de um tamborim
Num pulsar febril de felicidade
Porque dentro do peito eu o trago e assim
Vou esquecendo a dor e a saudade.

Pulsa a cada batida a alegria de dias festivos
Como nos passos ágeis de uma alegoria
Quando me envolvo e em cada momento, vivo,
Transformando mágoas em lindas fantasias.

Deixo que me arraste o batuque e faço vibrar
O samba que me aquece as veias, arrastando os pés
Na cadência do tempo que me leva a cantar.

O que me incita é esse espírito indomável de mulher
Que nem nas horas difíceis renega sua fé
E que pela vida deixa rastros pois sabe o que quer!


Lua para Meu Amor
Theca Angel 

Toca os seus lábios, Lua, vem...
Empresta-me teu raio para o banhar
Deixa que ele venha sem desdém
O corpo do meu amor acalentar! 

A rua já se apronta à tua chegada
A janela aberta aguarda a entrada
Seu corpo se abandona sobre a cama
O coração ardente em viva chama! 

Que ninguém neste momento ouse
Interromper do sonho, a ilusão... 
E que sua mente no amor repouse! 

Adeje seu sono, e chegue ao coração,
como dócil borboleta, que sobre ele pouse,
toda a emoção de minha amante canção!


A QUEM ATINGI!
Theca Angel

A você que não conheço, digo, minha prece 
que se esvazia na lentidão dos passos que ouso dar.
Não exijo de mim o perdão que vivifica e aquece...
Não quero sequer, um de meus sonhos renegar!

Nas noites que se sucedem inertes e solitárias
repasso na mente, a esteira de tudo o que se foi.
Aberta a estrada que me convida solidária,
não há sequer um vislumbre de para onde vou!

Sou da vida, mera transeunte e se pecadora
me fiz, por contingências de ansiados desvarios
Não choro por meus passos, fiz o que quis.

Não mendigo o afeto, não danificou-se sua raiz.
De tudo o que escolhi foi à mim que mais eu atingi
Com o reverso das ações que consciente ou não, eu fiz!


O Corpo...
Theca Angel

O corpo que ante meus olhos desvendas
Eu sinto conhece-lo desde um ontem...
Não preciso que suas belezas me contem
Por ele passeio ainda que com vendas. 

Esse corpo por quem meu sangue lateja
Que me atrai como a frágil libélula, à luz.
Em deslizares que à minha ânsia faz jus
Mesmo coberto, por ele minha mão adeja.

Esse corpo, que do meu sabe os encaixes
É a poção do mais imperecível fetiche
E como fímbria de um imã, o meu atrai.

Esse corpo, mistério a mim desvendado
Eleva-me ao auge na instância do pecado
Faz-me réu, que feliz ao calabouço vai.


ESCOLHAS E VITÓRIAS(?!)...
Theca Angel

Foram... tantas as partidas escolhidas
Tantos os desencontros acontecidos
Tantos os grandes obstáculos vencidos
Tantas estréias e emoções havidas...

A vida nos proporciona caminhos
Abrem-se destinos a propor-nos escolhas
Escolhas a esvoaçarem quais bolhas
em busca do correto escaninho!

Escolhemos, vencemos e perdemos
Algumas muralhas também erguemos
com os sedimentos de nossas falhas

Das vitórias restam fugazes glórias
Quem sabe, talvez, até façamos história
Na poeira que o tempo espalha!


Toma Meu Coração
Theca Angel

Toma, é teu  meu dócil coração
Não vês quanta pureza possui?
Ei-lo que aberto à mais uma ilusão
A inocência do amor nele intuis?

Nada temas é ingênua sua crença
Desvendes os tesouros a te ofertar...
Nele ainda brilha a luz da esperança
E tanta ternura a não mais findar!

Com simplicidade te oferta este afeto
Procurando de ti estar bem perto.
Na distância que o alcance a tua mão.

Escuta-lhes como soam aceleradas
Sua cadência é ao imenso afeto atada
São batidas onde nasce a emoção!


Mágica Manhã 
Theca Angel 

A manhã se espalha pelas campinas generosa
Embriaga meu olhar com sua luz resplandecente
O céu de azul infinito convida a senti-la formosa
E a cabeça se inclina em uma prece reverente. 

Pássaros aviam-se na procura do seu alimento
Já se escutam os rumores dos que trabalham...
A azafama rumorosa não alcança seu intento
De romper as belezas que aos meus olhos afloram. 

Uma cavalgada trás o alento da brisa ao peito.
Caminhos de terra entrecortam com respeito
As colinas que ondeiam ao sol ainda clemente... 

A grama úmida e macia agora acolhe meus pés
Deito-me sobre ela e solto o pensamento refém
Permitindo-me, livre, inebriar-me o amor nascente. 


Desencanto
Theca Angel

Foge-me a crença e o sopro do alento 
Faz-se um ríctus desafiando o frio riso
Como um suspiro de parvo desalento
Contorce-se meu simulacro de sorriso

Não há  força que me sustente em pé
Derrotada, em sussurros, busco em vão
Um ponto de apoio que seja a frágil fé
Refugio da infeliz na tristeza no coração!

Vai assim, morrendo a desabrida confiança
Ocultando sempre ao mundo esta tola criança
Que se imaginou ser alvo de um fiel amor..

Perderam-se as carícias ante a tempestade
que rugindo sob o fantasma da maldade
Arrancou do seu peito o que jurava ser amor!


Que Saudade...
Theca Angel

Quanta saudade das madrugadas preguiçosas
Do amor a colher-nos etéreos e fogosos
Das altas horas enluaradas escorrendo maliciosas
De um céu a cobrir-nos cintilante, formoso...

Que saudade dos sonhos que arquitetávamos
Das histórias que contavas e sonhadora eu ouvia 
Da inocência com que o tempo testávamos
De nosso mundo que parecia feito só de magia!

Saudade de mim, de ti, abraçados, nos querendo
As mãos, uma história de amor linda escrevendo
Quanta saudade de nossos ardentes beijos...

Ilusão, encantamento desfeito, depois a tristeza
Somente a recordação das horas de eterna beleza
De um tempo repleto de paixão e desejos!


Os Meus Dias...
Theca Angel

Dias feitos de sonhos
De imensa felicidade
De insano abandono
De dor, desventura, saudade!

Dias feitos  para o amor
De lembranças sem fim
De ilusões a se sobrepor
Recordações guardadas em mim!

Dias de êxtases coloridos
De vozes ecoando alegria
Dias buscando sentido
Outros feitos para poesia.

Dias de vida intensa, louca
De caminhos e descaminhos
Dias de morte insana doida
De espinhos e de arminhos...

Dias de solidão e vazio
De tristeza que não sentiu
O quanto está machuca o coração
Dias de pecado e perdão!

Dias meus de amanhecido amor
Retratos que a vida compôs
Dias da vida a tudo dispor...
Dias ...somente dias que o tempo propôs!


Era Só Uma Flor...
Theca Angel

Abatida flor em meio a sua desdita
Verga-lhe a haste quase desvalida
Mal arrastando-lhe a seiva bendita
Que em luta se eleva já ressentida.

Desmaia-lhe a cor que era de amores
As pétalas vão tremendo, por cair...
Seu perfume perdeu-se entre pudores
Dos dias que embriagara ao espargir.

Já não toca o sol suas velhas pétalas
Nem o beija-flor busca na corola
Doce néctar que no cálice viu surgir.

Mais forte torna-se agora o vento
Que num sopro mostra seu intento
Lançando-a à terra que a viu surgir.


Delírio...Lucidez... 
Theca Angel 

Minha lucidez oscila, geme e impetuosa...
Busca segredos que mostre o fascínio
do céu, fazendo-a delirar em plenilúnio
Quando o amor recebo na noite formosa! 

Envolta em plumas de asas fictícias
 Deslizo por seu imenso manto formoso
Onde estrelas com o brilho faustoso
Aderem aos meus cabelos com perícia! 

Assim pelo espaço etéreo, sou fulgurante
figura entre as barcaças feiticeiras,
de fadas, duendes e magas chamejantes. 

E vai soprando a noite, sua sombra arteira
Pronta a lançar seus dardos inebriantes...
São as deusas do amor a dardejar certeiras!


A Espera...
Theca Angel 

Esqueça-me, não mais te esperarei
Já não suporto mais tanta agonia
Tantos foram os dias em que imaginei
Que tornasses real a minha fantasia.

Mas o que fizeste com este coração 
Porque tão longa demora em aceitar
A beleza do que te ofertei, uma união
de sonhos que podíamos fazer vingar!

Aonde fostes, onde estás, em que lugar?
Não sabes que eu ainda espero aqui
O que posso esperar viver sem ti?

Sem tua presença e o tempo a findar
Dias e noites sofrendo vou jogando ao vento,
Lágrimas a acompanhar o meu sofrimento.

"Não importa o tempo que está a passar,             
A espera faz parte do amar..."


Feitiço...
Theca Angel

Contemplo a alvorada e nela está o teu rosto
Sua nitidez acentuando-se á cada instante
As cores, como se algum pintor houvera posto
A sua arte à dispor teu feiticeiro semblante.

Sinto como se eu invocara um tal presente
Como se desejasse ver-te surgir diante de mim
Em sonhos ou devaneios mais insistentes...
És a ilusão que finalmente realiza-se assim.

No emaranhado de alvas nuvens vens imerso
Em tudo é o teu rosto o mais ilógico inverso
dos traços sérios que imaginei encontrar em ti.

Trazes estampado nos lábios travesso sorriso
Teus olhos miram-me com singular feitiço
Mostras o rosto do amor estampado em si.

"Revejo com os olhos da poesia                     
Tua face emoldurada na magia"


Vem Amanhã...
Theca Angel

Vem amanhã e traz-me a luz do amanhecer
Traz--me o sonhar dos doirados  raios do sol
Vem com os caminhos traçados a vencer
E que sejas o colorido do meu céu no arrebol!

Vem e contigo traga de volta minha ilusão
O poder sentir bater mais forte meu coração
Vem e que teus braços se abram para mim
Sou rio buscando abrigo em teu mar sem fim. 

Vem amanhã e traga entrelaçada a esperança
Lembra-te, a cantávamos nas  noites-criança...
Vem e com certeza a cantaremos outra vez.

Que entre tuas mãos me tragas muitas flores
Aquelas azuis, tão delicadas e de sutis odores
Vem e me faças feliz como um dia já me fez!


A Saudade e o Rio...
Theca Angel

Por onde andas querido rio de meus dias
Passas ligeiro, não mais me respondes.
Diga-me para que corres, para onde?
Não mais te importam minhas fantasias.

Deixaste de ser aquele acolhedor ouvinte
Companheiro dos entardeceres amenos
Hoje estou só, esperando de ti, que ao menos, 
As tuas águas banhem est´alma pedinte!

Olho teu curso, sentinela de nosso amor
Quando da lua tu escondias o terno pudor
de apaixonados buscando a felicidade!

Já não trago a ti, a alegria de idos tempos...
Já não me vês feliz a correr pelos campos...
Velho amigo, te peço, afogues esta saudade!


Não Compreendes...
Theca Angel

Te amo!Tanto te amo e não compreendes
O que habita este coração que latente
Clama por teu amor, que te faças urgente
Por que sofrer assim, me surpreende

Não importam distâncias ou desencontros.
Quando se ama a tudo se é disposto.
Seria tão difícil compreenderes o proposto?
O coração pede que venhas ao meu encontro...

Encontro de almas e de corpos, te proponho
Dar-te-ei a ventura de abertamente descobrir
Toda ternura que neste amor eu ponho.

Tento mil vezes me dizer que tudo é ilusão
Que não há em ti qualquer porta a se abrir
E que mais uma vez caminho em contramão.

(Mas... O amor não entende de rejeição!)            


Louca Atração...
Theca Angel

Viver intensamente o amor, embebedar-se
na volúpia dos corpos entorpecidos.
Levar à saciedade os desejos, afogando-se
em repetidas juras, enfim vencidos...

Reiniciar o que foi apenas terminado
Deixar-se delirar nas dobras da paixão
Sentindo que à cada unção está o pecado
Envolto na nuvem etérea da ilusão...

E viver as mais ensandecidas entregas.
Do tempo não sentir a malévola refrega
Quedando-se envoltos a dois pela  emoção...

E poder ouvir o uníssono bater dos corações
Enquanto soam sinos sincopando sensações
Inconscientes à que nos leva a louca atração!


Deixe que...
Theca Angel

Deixe... Deixe que eu fique aqui.
Que recorde e possa sonhar ainda
 Lembrando minha vida junto a ti 
Que feita de ilusões, agora é finda!

Deixe-me recordar as mãos dadas
Enquanto bem perto o rio escorria
Nos passeios pelas largas calçadas,
Ouvindo segredos de nossas fantasias!

Deixa que eu fique só, com tua imagem
Agora nosso rio reflete luzes da cidade
Enquanto vago triste por suas margens.

Não há nesta noite o luar. A opacidade
das ruas acolhe uma gelada aragem
E o rio num lamento escorre a saudade!


Solidão Das Horas Mortas
Theca Angel

Ah, esta vasta solidão a anoitecer as ruas
Quando por elas os fantasmas transitam
Solidão ébria que ao conversar com a lua
Mostra que dos mortais, as dores flutuam.

Ah, esta solidão das longas horas mortas
Quando não existem esperas ou retornos
Fria de ilusões que até o pranto acoberta
Sem vida, só um leito a ofertar suborno.

Este som que ressoa a um simples suspiro
Com a fúria de raio ou eco de um tiro
Na quietude que é como garra a se impor.

Ah, esta solidão de arrastar pensamentos
Invade o tugúrio nos notívagos momentos
Não permitindo sequer, morrer de amor.


Areias do Tempo...
Theca Angel

Impassível ela segue marcando o tempo...
Impassível também este, vai acontecendo
Cedendo minha vida à areia da ampulheta
que fico a ver cair, os meus sonhos levando,
como se fluíssem por invisível calheta...

Invisível, mais para mim que para o mundo...
Fogem-me ilusões, fazem-se torturadores
os sorrisos desfeitos, as setas dos dissabores,
as fugidias lembranças, os apelos mudos.
Os anseios de um coração moribundo!

Coração que nunca hesitou entregar-se ao amor.
A ofertar o pouco de  felicidade ao seu dispor
ainda que depois  se encontrasse imerso no vazio, 
cercado pela solidão, na mais profunda saudade...
O tempo negando-lhe sua amante eternidade. 

Segue adiante o compassar firme de cada segundo
Toques que ressoam pressurosos, sempre, quando
as horas vão se embrenhando pelas noites...
Tardias horas em que o tempo parece ir mais lento
Deslizando pelas madrugadas mas sempre atento!

Pobre ilusão, o tempo se vai, ele não perdoa...
Nem mesmo se a noite chega embebida em garoa
Ou se os traçados das ruas perdem-se em neblinas
Não importa se descem de meus olhos lágrimas aflitas,
ainda que doídas, amantes, contritas!...

Quem dera eu tivesse o poder de reverte-lo...
Quem dera pudesse em frações de dias, traze-lo 
de volta e escrever uma nova história.
Quem dera eu já soubesse o que é sofrer
Então amaria, e tudo da mesma forma iria querer!


Poesia da Manhã 
Theca Angel 

Nascem com a promessa infantil de rara beleza
Bailando ao sol  que se espraia sobre os montes
Raios de luzes multicores  enfeitando a natureza
quando teus contornos tomam ares adolescentes! 

É tua a calma que faz deslumbrar-se o viajante
O frescor de tuas brisas, a beleza dos campos...
A grama úmida, as copas balançando mantos
Que acolhem o olhar em reverência constante. 

O alegre chilrear da passarada buscando alimento
Filhotinhos, pedintes insistentes pelo seus sustento
Toda a magia de uma matinal caminhada....

Doces manhãs a trazerem inesquecíveis lembranças
Quando seu suave alarido nos reporta à bonança
De momentos que ficaram à beira de velhas estradas.


Sonhos e Ilusões 
Theca Angel

Das nossas tantas vontades tolhidas
Dos desejos no peito guardados...
Quantos foram sonhos arquitetados
Quantas as pueris ilusões descabidas...

Houveram erros carregados ao indefinido
E as inseguranças que bloqueavam
As falhas escolhas que cerceavam
E mais os tantos impulsos proibidos...

Depois a atravancar o fluxo da vida
Vieram a consciência dos passos dados
E a plena certeza de haver falhado...

Com ela, a dor solitária ante a desilusão
Os segredos a intumescerem o coração
E o pranto pelo muito que foi perdido!...



2 comentários:

  1. Querida Theca! Que prazer imenso encontrá-la neste espaço!E vejo, com muita alegria, que os olhares clínicos de Ilka e Regina acolheram o melhor dos seus melhores. Cante, poeta, o amor e toda a sua bagagem. Você o faz muito bem. Parabéns, beijos e muito carinho.

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  2. Humberto Rodrigues Neto31 de ago. de 2013, 09:44:00

    A poesia de Theca Angel está centrada, salvo raras exceções, naqueles amores intensos, que surgem augurando sonhos de felicidade e depois se diluem ao longo do tempo, deixando atrás de si aquele rastro de lembranças e saudade dos bons momentos vividos a dois. Descrever as frustrações e o desencanto que tais situações nos causam não é fácil. Theca Angel, todavia, consegue, com uma habilidade que poucos poetas possuem, abrandar os momentos amargos dessa situação e exaltar os mais românticos, traduzindo-os em poemas que agradam a todos os que têm a oportunidade de lê-los. Minhas felicitações a ela.

    Humberto-Poeta, São Paulo/SP

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