PÁGINA ORIGINALMENTE PUBLICADA EM 08-03-2014
A todos os Amigos e Amigas
A todos os Leitores
A todos os Seguidores
neste 08 de março de 2014-Dia Internacional da Mulher, o blogue Expressão Mulher-EM abraça cada Mulher em seu maravilhoso e complexo mundo de emoções, sentimentos e atitudes, bem como aquelas que proclamam as suas letras, reveladoras dos profundos mistérios existentes entre a razão e o coração.
Pega uma rosa, Mulher,
e perfuma esse teu ser
que, de amor e dor, só quer
cultivar o bem-querer.
Como símbolo de todas as mulheres, o EM homenageia a memória de uma especial mulher brasileira, educadora, escritora e poetisa nascida no século XIX no Maranhão.
Sua obra literária, esquecida e empoeirada, vai tendo seu brilho revelado pelas mãos que a foram buscar nas estantes do passado, e outras mais que a vêm mostrar em seus textos e versos como uma mulher forte (mas sensível), corajosa, (mas humilde), e que, sem sair de seu estado natal, viveu um passo adiante na observação dos vários aspectos inerentes à sua época. Seus pensamentos, ideias e principalmente suas atitudes revelam-lhe a trajetória de vida obstinada pela igualdade de direitos e de Oportunidades. Uma Mulher muitíssimo à frente do seu tempo é o que ela foi (e ainda é), haja vista, primeiramente, a sua condição de mulher; e mulher pobre; e mulher autodidata, e mulher afro-descendente cuja voz fez-se ecoar no Maranhão do século XIX contra a insensibilidade e o descaso da sociedade patriarcal para com as mulheres, os negros e os indígenas. Trata-se de...
MARIA FIRMINA DOS REIS
(Maranhão, 1825-1917)
Apresentação:
De forma aberta na tela do computador, a apresentação da vida e obra de MARIA FIRMINA DOS REIS é feita em três abordagens por três professoras universitárias / mestres e/ou doutoras em literatura –Algemira Macêdo Mendes (Piauí), Luzilá Gonçalves Ferreira (Pernambuco) e Dinacy Correa (Maranhão), que além de saberem analisar a obra firminiana do ponto de vista acadêmico conhecem o valor intrínseco das letras, pois são escritoras e poetisas.
Logo após a Apresentação, são oferecidos aos leitores do EM outros importantes e brilhantes artigos, estudos, teses, apreciações, críticas, postagens em blogues através de links que os levarão a um amplo, rico e multifacetado leque de apreciações aos aspectos desbravados e relacionados à vida, à obra e ao contexto em que se situa MARIA FIRMINA DOS REIS.
O blogue Expressão Mulher-EM, cujo compromisso com a escrita da Mulher foi assinado em 30 de abril de 2012 (data do seu lançamento), rejubila-se em mais este momento de resgate da memória viva das letras através da Internet , trazendo ao seu público letras que têm a aura da coragem, da virtude, da inteligência, do comprometimento, da arguta percepção e do grito, silencioso, pela igualdade dos Homens.
Ao blogue Expressão Mulher-EM, também leitor da importante obra de MARIA FIRMINA DOS REIS, não cabe emitir qualquer opinião que vá além do orgulho, do prazer e da alegria de se irmanar a todos os que veem grande valor na obra dessa escritora, e, por isso, por ela se interessam, estudam-na, trabalham-na à luz das diversas vertentes e potencialidades, e a divulgam. Nesta nossa época de tantos valores tratados como joias de valor discutível quanto à sua turva essência e aos seus aspectos questionáveis, porque profundamente egocêntricos, abraçar e aplaudir MARIA FIRMINA DOS REIS no Dia Internacional da Mulher faz sorrir o coração e abrandar a alma por se revelar a voz desta Magistral Mulher que, ante tantas e tantas mulheres caladas por falta de visão, insegurança ou medo, tem muito a dizer a muitos, homens e mulheres.
Ouçamo-la!
Abraços do EM a todas as Mulheres pertencentes ou não a segmentos deste blogue.
Abraços agradecidos do EM aos que participam desta Especial Atualização com seus estudos, seus trabalhos, suas visões sobre MARIA FIRMINA DOS REIS, bem como a todos os amigos que aqui se fazem presentes para a leitura do que, carinhosa, responsável e orgulhosamente lhes é apresentado.
Blogue Expressão Mulher-EM
Um Tributo À Arte da Escrita Feminina (mas à dos homens também)
Rio de Janeiro/RJ, 08 de março de 2014.
1ª Abordagem:
Teresina, Piauí, 23 de janeiro de 2008.
Algemira de Macedo Mendes, Profª.
Drª de Letras da Uespi e da Uema
PESQUISA
A produção literária da primeira romancista afro-brasileira rompe o esquecimento
A partir da edição fac-similar do romance, em 1975, preparada por Horácio de Almeida; do prefácio de Charles Martin da 3ª edição, em 1988 à publicação da 4ª edição em 2004, pela Editora Mulheres e PUCMinas, o romance Úrsula, de Maria Firmina do Reis, vem sendo objeto de estudos em artigos, dissertações e teses. No Piauí, a pesquisadora Dra. Algemira Macedo Mendes, professora de Letras e Literatura da UESPI e UEMA, defendeu sua tese de doutorado sobre a romancista que nasceu em São Luís, no Maranhão, em 11 de outubro de 1825. Autodidata, Maria Firmina dos Reis nunca freqüentou a escola. Em 1859, escreveu o romance Úrsula, primeiro escrito por uma brasileira descendente de africanos. Foi colaboradora em vários jornais maranhense com artigos, crônicas e poesias. Compôs músicas clássicas e populares, e, assim, destacou-se no romance, na poesia, no conto, na música popular e erudita, nos enigmas, nas charadas, em jornais da época.
A tese da pesquisadora, defendida na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul –PUCRS, em 2006, tem como título “Maria Firmina dos Reis e Amélia Beviláqua na História da Literatura Brasileira”. A prof. Algemira Macedo revela um pouco da vida e faz uma representação das obras mais importantes das duas escritoras, sendo que Amélia Beviláqua é considerada a primeira escritora piauiense; apesar de Amélia não ser descendente de africanos ou escravos negros, como Maria Firmina, fica evidenciado o papel de exclusão em que vivia a mulher dos séculos XIX e XX.
Tendo como foco rastrear as escritoras na historiografia literária brasileira, os poucos achados que obteve sobre Maria Firmina dos Reis estavam cercados de equívocos. “A Maria Firmina era contemporânea de Gonçalves Dias e somente de uns poucos anos pra cá, o historiador maranhense Nascimento de Moraes encontrou, por acaso, o livro Úrsula, na Biblioteca Pública Benedito Leite, em São Luís, Maranhão. Até o momento, é o primeiro romance afrodescendente brasileiro. Logo depois, Moraes foi buscar informações sobre a autora e não encontrava”. Mais tarde, descobriram-se mais duas obras perdidas de Maria Firmina, nos porões da mesma biblioteca: Gupeva (1861) e Cantos à beira mar (1871), publicadas em forma de folhetins nos jornais maranhenses, fato comum entre os escritores anteriores ao século XX. Quanto à polêmica que existe sobre Maria Firmina ser ou não a primeira escritora negra do país, a professora aponta que “Margarida Aorta, anterior a Maria Firmina, nasceu no Brasil e com seis meses foi para Portugal. Lá Margarida escreveu uma obra e por isso alguns defendem que seja ela. Mas brasileira, nascida e que viveu aqui no país, Maria Firmina foi a primeira a escrever um romance; e com a temática afrodescendente também foi a primeira”.
“Ela tratou bastante da questão da escravidão, das minorias. Com Úrsula, ela anseia por uma pátria sem preconceitos e sem castas, uma pátria em que se atenuam as diferenças de classes.
“Hoje, discute-se cotas para negros, Maria Firmina já escrevia em meados de 1800. O que Castro Alves escreveu em ‘Vozes da África’, defendendo os escravos, Maria Firmina fez primeiro, no entanto, ele é que é considerado o poeta dos escravos. Por isso, ela não é apenas uma escritora brasileira, mas universal, por estar à frente de seu tempo”.
“Apesar de estar inserida numa sociedade patriarcalista, a escritora mencionava assuntos negados por autores do seu tempo e revelava uma veia abolicionista, articulada com o contexto das relações econômicas, sociais e culturais da época. Hoje, se alguém ler Úrsula terá uma narrativa da atualidade”, relata a Dra. Algemira de Macedo, ressaltando que não é apenas a obra de Maria Firmina que faz com que ela se destaque das suas contemporâneas. Sua vida também é repleta de fatos que demonstram que ela era possuidora de conhecimentos e de consciência política e social fora dos padrões estabelecidos pela sociedade interiorana e escravocrata do século XIX. Em 1847, após passar em um concurso público para professora primária, a escritora tornou-se a primeira Mestra Régia da pequena Vila de Guimarães.
O estudo mostra que, apesar de nunca ter freqüentado uma escola, a autora de Úrsula lia bastante e escrevia francês fluentemente. Aposentou-se em 1881. Um ano antes, fundou a primeira escola mista no Maranhão, uma vez que naquele tempo meninos, em sua grande maioria, eram os que tinham direito de estudar, separados das meninas. Maria Firmina faleceu em 11 de novembro de 1917, aos 92 anos, cega, pobre e sem nenhuma honraria. “Em um contexto em que poucas mulheres eram alfabetizadas, Maria Firmina dos Reis é uma exceção do cenário literário.
O negro então era marginalizado e alvo tão-somente de adjetivos relacionados à negatividade. Esses são alguns dos motivos que levaram a autora a ficar no esquecimento por mais de cem anos”, considera. Porém, graças às pesquisas como de Algemira, a escritora foi retirada do esquecimento que a história impôs aos afrodescendentes brasileiros importantes. Em 11 de outubro de 1975, por ocasião do sesquicentenário de nascimento da escritora, Nascimento de Moraes Filho publicou o livro Maria Firmina dos Reis – fragmentos de uma vida. A coletânea é composta de hinos, letras de músicas, contos, vários poemas, fragmentos de um diário e artigos de jornais. Já o estudo de Macedo retrata que aos poucos a maranhense foi tendo o devido reconhecimento, especialmente em São Luís, onde foi homenageada, sendo seu nome dado a rua e a colégio, e um selo comemorativo foi lançado pelos correios.
Um busto de bronze foi erigido na Praça do Pantheon, em frente à Biblioteca Pública Benedito Leite, junto aos bustos de intelectuais maranhenses, como Gonçalves Dias, Josué Montello, Graça Aranha, Aluízio Azevedo, entre outros. O dia 11 de outubro também passou a ser o Dia da Mulher Maranhense, em homenagem à escritora.
http://www.fapepi.pi.gov.br/novafapepi/sapiencia15/pesquisa5.php
http://www.fapepi.pi.gov.br/novafapepi/sapiencia15/pesquisa5.php
2ª Abordagem:
Luzilá Gonçalves Ferreira
(professora e escritora, Recife, Pernambuco)
MARIA FIRMINA DOS REIS,
A PRIMEIRA ROMANCISTA BRASILEIRA
Quando relemos algumas das obras literárias que nos legou o passado, quando temos elementos para constatar a recepção que tiveram na época em que foram publicadas, freqüentemente nos surpreende o anual estado de ostracismo a que estão relegadas. Ninguém mais fala delas, não são reeditadas, não se encontram nos programas de leituras e de textos a serem estudados nos colégios, nas universidades. Em uma palavra: não pertencem ao chamado Cânon literário. Estão fora da lida dos livros consagrados, daqueles que "é preciso ter lido", das obras eleitas (segundo que critérios?) como indispensáveis á nossa formação intelectual.
O assunto tem sido debatido nos últimos anos, sobretudo quando os estudos feministas colocaram em pauta a questão do gênero e que muitas pesquisadoras, em vários países do mundo, se consagraram ao resgate de obras escritas por mulheres. Obras que o cânon esqueceu, que o tempo apagou, que os mecanismos editoriais desprezaram, fazendo-se sobre elas, através dos anos o silêncio, e o conseqüente esquecimento. Como se nunca houvessem existido. Como se um dia em meio da vida, uma voz feminina não houvesse desejado se exprimir, e dizer eu falo, eu existo, e colocasse no papel um pouco de seu mundo, com seus anseios, sonhos, angústias.
Não nos cabe aqui indagar ou discutir as razões desse esquecimento, desse silêncio - ligados quase sempre à questão do poder, das ideologias vigentes. Questão que nos faz voltar à velha problemática que consigna ao homem-branco-letrado a legitimação da dominação social e até mesmo literária. Aquele que escreve a história e a interpreta segundo seu desejo, privilegiando acontecimentos em detrimento de outras, lançando luz sobre fatos que interessam à legitimação do seu poder e deixando na obscuridade aqueles que não o dignificam. Os que escrevem nossas histórias literárias não divergem muito desses seus irmãos que tentam reconstituir o relato de vida dos povos. Em todos os países conhecemos as antologias, os compêndios de História da Literatura, redigidos por autores de várias tendências e com diversos critérios de seleção. E na maioria esmagadora deles uma constante: a quase total ausência de poetisas, de romancistas mulheres.
Maria Firmina dos Reis é uma dessas artistas deixadas à margem do cânon literário. Professora primária, poetisa, romancista, ela foi igualmente jornalista, no estado do Maranhão, onde nasceu no dia 11 de outubro de 1825. É autora do livro de poemas Cantos à beira mar, dos romances Úrsula (editado em 1859) e A escrava e uma novela, intitulada Gupeva.
Na edição fac-similar, feita no Rio de Janeiro em 1975, isto é, mais de um século depois da primeira edição de Úrsula, Horácio de Almeida, um estudioso da literatura maranhense lembra o caráter de raridade bibliográfica do livro: é um romance escrito por mulher, passa por ser o primeiro no Brasil de autoria feminina. E o que é mais: só se conhecia um único exemplar da obra. Horácio de Almeida tenta, em seguida, realizar um pequeno levantamento biográfico da autora, com os poucos dados de que dispõe. À época do seu nascimento e de sua posterior atividade literária, o estado do Maranhão era um celeiro de homens ilustres e de intelectuais, e sua capital, São Luis, era chamada de Atenas brasileira. Mas Maria Firmina tinha a seu desfavor alguns traços que a condenavam: era pobre, mestiça e mulher.
Antonio Henriques Leal, o autor do Panteon Maranhense, faz a relação dos mais ilustres literatos da terra, colocando, ao lado deles, muitos nomes de segundo time. A única referência que faz a Maria Firmina aparece numa nota bibliográfica: ela escrevera, em seus Cantos à beira-mar, uma nênia à memória de Gonçalves Dias, uma das glórias do Maranhão e ao qual foi dedicado um tomo inteiro do citado Panteon. Francisco Sotero dos Reis publicou no Maranhão, entre os anos de 1866 e 1873 um Curso de Literatura Portuguesa e Brasileira em cinco volumes, onde o nome de Maria Firmina sequer é citado. Silêncio, ou quase, igualmente no Dicionário Geográfico e Etnográfico do Brasil, parte relativa ao Maranhão, publicado no Rio de Janeiro em 1922: aqui se diz que era escritora e que morrera nonagenária, mas nenhum de seus livros é mencionado. Igual desconhecimento da obra de Maria Firmina por parte de Mário Martins Meireles, autor do Panorama da Literatura Maranhense.
Um autor de dicionários bio-bibliográficos, entretanto, salvou do total esquecimento nossa autora: Sacramento Blake. A ele devemos a data de seu nascimento, sua atividade pedagógica na cidade de Guimarães, atividade que continuou a exercer gratuitamente, mesmo depois de aposentada, tal o seu amor pelas crianças. Foi a partir desses dados que um pesquisador, Nascimento Morais Filho, conseguiu reunir mais informações sobre a autora de Úrsula e despertar o interesse por sua obra.
No prólogo do livro, publicado sob o pseudônimo de "uma maranhense", Maria Firmina, pede a complacência do leitor para aquilo que ela considera "um filho", uma "pobre avezinha silvestre". Como uma espécie de estratégia para se fazer aceitar, ela se declara humilde e pouco talentosa, afirmando que seu livro será recebido com indiferença ou com zombaria. Mesmo assim ela o entrega ao público. E acrescenta:
"Não é a vaidade de adquirir nome que me cega, nem o amor próprio de autor. Sei que pouco vale este romance, porque escrito por uma mulher, e mulher brasileira, de educação acanhada e sem o trato e a conversação dos homens ilustrados, que aconselham, que discutem e que corrigem, com uma instrução miserríma, apenas conhecendo a língua de seus pais, e pouco lida, o seu cabedal intelectual é quase nulo."
Faz em seguida uma comparação no mínimo surpreendente: seu livro se assemelha a uma donzela à qual a natureza negou as graças feminis, razão pela qual não encontra imediatamente quem a ame, quem corresponda ao afeto natural de sua alma. Entretanto, tal é a sinceridade da dor que lhe vem da alma, tão ardente é o desejo de ser amada, que aquele que a desdenhou é obrigado ao menos a lhe lançar um olhar de bondade. A acolhida de Úrsula por parte do leitor, prossegue Maria Firmina, fará com que sua autora se arrisque a outras aventuras intelectuais. E conclui:
"Não a desprezeis, antes amparai-a nos seus incertos e titubantes passos para assim dar alento à autora de seus dias, que talvez que com essa proteção cultive mais o seu engenho, e venha a produzir coisa melhor, ou quando menos, sirva esse bom acolhimento de incentivo para outras, que com imaginação mais brilhante, com educação mais acurada, com instrução mais vasta e liberal, tenham mais timidez do que nós."
Essas últimas palavras não evidenciam apenas a modéstia da professora maranhense. Elas mostram sua preocupação com a recepção do livro e com seu futuro estatuto de escritora que reivindica: este livro não será o primeiro, ela tem a intenção de "produzir cousa melhor". Não é pois um livro de diletante, o resultado de um impulso, de uma veleidade, mas a obra de alguém que deseja cultivar "mais o seu engenho", progredir.
Quando lemos o romance de Maria Firmina, surpreende-nos que durante mais de um século tenha sido esquecido - devo lembrar que lia alguns anos uma nova edição de Úrsula foi feita pelo Instituto Nacional do Livro, na coleção Resgate, que... resgatou em parte o descaso de todos esse tempo de silêncio. O livro é um típico produto da época - estávamos em pleno Romantismo - com seus personagens apaixonados e sofredores, seus amores infelizes, seu final trágico. Mas é principalmente o lugar de teatralização de questões que se colocavam ao país, no momento de pós-independência, em que urgia a construção de uma nação brasileira.
O romance foi escrito trinta e sete anos após a proclamação da independência, quando abandonando estatuto de país essencialmente agrícola, o Brasil se encaminha para uma economia marcada pela industrialização crescente, pela luta contra a escravatura, pelo desejo de construção de uma República. Quem somos nós, parecem indagar nossos primeiras romancistas. Estas indagações desembocarão, como não poderia deixar de ser, em dois elementos que caracterizariam e concretizariam a idéia de nação e do modo como a literatura a exprimiu. Uma nação é, aqui, um aglomerado de pessoas falando uma mesma língua, habitando no mesmo país, unidas por um certo número de idéias que lhes determinam o viver, e às quais preocupam um projeto global que sustentaria a noção mesma de nação. As páginas iniciais de Úrsula nos colocam dois personagens pertencentes a classes sociais diferentes, e, o que é melhor, a raças diferentes, mas unidas por um mesmo espírito generoso: um jovem senhor branco e um negro escravo. Ferido por seu cavalo, o branco desmaia e é socorrido pelo escravo. Ao despertar, o branco compreende que deve a vida ao negro e um belo sentimento de simpatia nascerá daí, figurando o sonho de uma nação formada pela união de raças:
"E fitando-o, apesar da perturbação do seu cérebro, sentiu pelo jovem negro interesse igual talvez ao que este sentia por ele. Então, nesse breve cambiar de vistas, como que essas duas almas mutuamente se falaram, exprimindo uma o pensamento apenas vago que na outra errava. (..)
"Apesar da febre, que despontava, o cavaleiro começava a coordenar suas idéias, e as expressões do escravo, e os serviços que lhe prestara, tocaram-lhe o mais fundo do coração.
É que em seu coração ardiam sentimentos tão nobres e generosos como os que animavam a alma do jovem negro. (..) As almas generosas são sempre irmãs."
E a autora põe nos lábios do jovem branco as palavras que gostaria de ver pronunciadas por todo branco, num Brasil escravagista:
"Meu amigo - continuou -, podes acreditar no meu reconhecimento, e na minha amizade. Quem quer que sejas, eu t'a prometo: sou para ti um desconhecido; e inda assim foste generoso, e desinteressado. Arrancando-me à morte tens desempenhado a mais nobre missão de que o homem está incumbido por Deus - a fraternidade."
Através da descrição e da construção do personagem do jovem escravo, Maria Firmina, exalta a raça negra e combate, com argumentos e expressões fortes, a escravidão. O que faz de seu romance um dos primeiros textos abolicionistas que produziu a literatura brasileira. O jovem Túlio, o escravo, é marcado pela generosidade, pela bondade, pela religiosidade, pela fidelidade à patroa a quem serve:
"E o mísero sofria; porque era escravo, e a escravidão não lhe embrutecera a alma; porque os sentimentos generosos, que Deus lhe implantou no coração, permaneciam intactos, e puros como a sua alma. Era infeliz, mas era virtuoso."
Desde o começo do romance, a voz enunciadora se coloca do lado daqueles que desejariam um Brasil liberto das desigualdades:
"O homem que assim falava era um pobre rapaz, que ao muito parecia contar vinte e cinco anos, e que na franca expressão de sua fisionomia deixava adivinhar toda a nobreza de um coração bem formado. O sangue africano refervia-lhe nas veias; o mísero ligava-se à odiosa cadeia de escravidão; e embalde o sangue ardente que herdara de seus pais, e que o nosso clima e a servidão não puderam resfriar, embalde - dissemos – se revoltava; porque se lhe erguia como barreira - o poder do forte contra o fraco!"
E Maria Firmina continua mais adiante:
"Assim é que o triste escravo arrasta a vida de desgostos e de martírios, sem esperanças e sem gozos!
"Oh! esperança! Só a tem os desgraçados na refúgio que a todos oferece a sepultura! Gozos!... Só na eternidade os antevêm eles!"
A indignação ante o estado do seu personagem leva a autora a penetrar em seu próprio texto e tomar a palavra em lugar do narrador, posicionando-se ante a questão da escravidão, multiplicando as exclamações:
"Coitado do escravo! nem o direito de arrancar do imo peito um queixume de amargurada dor!!.....
"Senhor Deus! quando calará no peito do homem a tua sublime máxima - ama a teu próximo como a ti mesmo -, e deixará de oprimir com tão reprehensível injustiça ao seu semelhante!... a aquele que também era livre no seu país... a aquele que é seu irmão?!"
A conversa entre o jovem branco e o negro, é igualmente uma ocasião para a romancista desenvolver sua argumentação em favor da abolição da escravatura, do caráter desumano, anti-religioso e anti-social da escravidão. No momento em que Túlio, o escravo, pede a Tancredo, o branco, que não o chame de amigo, já que uma grande distância os separava, este o interrompe:
"Cala-te, oh! pelo céu, cala-te meu pobre Túlio - interrompeu o jovem cavaleiro - dia virá em que os homens reconheçam que são todos irmãos. Túlio, meu amigo, eu avalio a grandeza de dores sem lenitivo, que te borbulha na alma, compreendo tua amargura, e amaldiçôo em teu nome ao primeiro homem que escravizou o seu semelhante. Sim - prosseguiu – tens razão; o branco desdenhou a generosidade do negro, e cuspiu sobre a pureza dos seus sentimentos. (..) Mas Túlio, espera; porque Deus não desdenha aquele que ama ao seu próximo..."
A amizade que se tece entre os dois personagens os levará a uma mesma morte no final do romance: ambos serão assassinados por um inimigo de Tancredo.
Um segundo traço romanesco que insere a autora de Úrsula no círculo daqueles autores, à maneira de José de Alencar, por exemplo, que exprimem em sua narrativa o sonho da construção de uma nação brasileira, com tudo o que isso implica de utilização de elementos unificadores ou denotativos do desejo de encontrar e descrever o mais caracteristicamente nacional, è a preocupação com a paisagem, e no modo como define a nação. Anos depois dela, José de Alencar faria da paisagem um lugar de dramatização da brasilidade. Os verdes mares bravios que cantará em Iracema são os de sua tem natal. O homem se dirige à paisagem, faz corpo com ela, irmana-se a ela, como se irmanam na jangada o filho de Martim e o cão, "filhos ambos da mesma terra selvagem" escreve Alencar. Maria Firmina parece ter entendido que o Brasil não era apenas uma comunidade espiritual unida por ideais comuns, mas antes de tudo uma mesma paisagem. Paisagem que ela se compraz em descrever, que amansa o homem e o torna feliz. O primeiro capítulo de Úrsula é uma apresentação ufanista, amorosa e complacente dessa paisagem, que, suave e tranqüila se reflete no coração e na alma daqueles que a habitam, transformando-os, marcando-os do sentimento de religiosidade:
"São vastos e belos os nossos campos; porque inundados pelas torrentes do inverno semelham o oceano em bonançosa calma - branco lençol de espuma, que não ergue marulhadas ondas, nem brame irado, ameaçando insano quebrar os limites, que lhe marcou a onipotente mão do rei da criação. Enrugada ligeiramente a superfície pelo manso correr da viração, frisadas as águas, aqui e ali, pelo volver rápido e fugitivo dos peixinhos, que mudamente se afagam, e que depois desaparecem para de novo voltarem - os campos são qual vasto deserto, majestoso e grande como o espaço, sublime como o infinito.
"E a sua beleza é amena e doce, e o exíguo esquife, que vai cortando as suas águas hibernais mansas e quedas, e o homem, que sem custo o guia, e que sente vaga sensação de melancólico enlevo, desprende com mavioso acento um canto de harmoniosa saudade, despertado pela grandeza dessas águas que sulca.
"É às águas, e a esses vastíssimos campos que o homem oferece seus cânticos de amor? Não, por certo. Esses hinos, cujos acentos perdem-se no espaço, são como notas duma harpa eólia, arrancadas pelo roçar da brisa; ou como o sussurrar da folhagem em mata espessa. Esses carmes de amor e de saudade o homem os oferece a Deus."
Essa natureza, que a autora insiste em pintar "amena e doce", capaz de inspirar calma e harmonia, não é entretanto irmã da paisagem européia, que o homem domou. O sol "ardente e abrasador" dardeja seus raios sobre os personagens, ferindo-os. A vegetação é marcada por espécies exóticas, que enfatizam o caráter específico da paisagem brasileira, como o faria Alencar, embora sem o exagero do léxico utilizado pelo autor de Iracema. Aqui o rio que "outrora fora seco, transformou-se em verde e úmido tapete", pela ação do inverno, e é matizado "pelas brilhantes e lindas flores tropicais". Aqui, altivas, "erguem-se milhares de carnaubeiras, que balançadas pelo soprar do vento recurvam seus leques em brandas ondulações." Aqui a lua derrama uma suave claridade "pelos leques recurvados dos palmares." Aqui os axixás esmaltam a paisagem com seus frutos.
Quando a heroína do romance, Úrsula, quer repousar das fadigas do trabalho caseiro e dos cuidados com a mãe doente, ela vai se refugiar no seio dessa natureza, na floresta, que a esconde e abriga. Então, "recostada a algum tronco colossal" ela medita. Tendo por testemunho as árvores que a cercam, sentada sobre as raízes de um enorme jatobá, Úrsula escutará de Tancredo as palavras que falam de amor. Ele se aproximara sorrateiro e ela pensa que é "alguma fugaz cotia" atravessando o bosque correndo. Ele a trata por "filha da floresta", inserindo-a harmoniosamente no universo selvagem que a cerca, como o fará, anos depois, José de Alencar com o personagem de Iracema.
Com seu romance Úrsula, Maria Firmina dos Reis escreveu uma obra marcada pelo que poderíamos chamar hoje de sentimento de brasilidade: a jovem professora maranhense sente na pele e o exprime sob forma artística a problemática racial que mina as relações dos brasileiros de então. Ela anseia por uma pátria sem preconceitos e sem castas, uma pátria em que se atenuam as diferenças de classes. Uma pátria na qual uma mulher possa chegar a ter bastante cultura para escrever como escrevem os homens - coisa que, diga-se de passagem, ela bem o faz. Igualdade racial, igualdade social, igualdade sexual. Problematizando, através do texto literário todas essas questões, Maria Firmina se coloca diante de nós como uma escritora consciente das questões que moviam o Brasil de então, em marcha para a construção da democracia. E o faz através de um texto forte, incisivo, dramático, bem escrito, não raro belo. Situa-se desse modo como autora de um autêntico texto literário. Embora esteja à margem do cânon. Como tantas mulheres antes e depois dela. Mas estar dentro do cânon não seria um atestado de conformismo, de ter, de certo modo, conseguido se instalar na continuidade, na tradição?
In Suplemento Cultural do Diário Oficial, Recife, CEPE, janeiro 1999.
3ª Abordagem:
Dinacy Correa
Professora do Ensino Médio e da UEMA (Universidade Estadual do Maranhão) - Departamento de Letras
MARIA FIRMINA DOS REIS: poetisa, escritora e educadora maranhense
E o mísero sofria; porque era escravo e a escravidão não lhe embrutecera a alma, porque os sentimentos generosos, que Deus lhe implantara no coração, permaneciam intactos e puros como sua alma. Era infeliz; mas era virtuoso; e por isso seu coração estremeceu-se na presença da dolorosa cena, que se lhe ofereceu à vista. (Maria Firmina dos Reis. Úrsula, 1859).
Nascimento Morais Filho se ufana de ter sido o “descobridor” de Maria Firmina dos Reis (1825-1917). Ele diz que descobriu a romancista, por acaso, no ano de 1973, época em que procurava nos jornais antigos da Biblioteca Pública Benedito Leite textos de autores maranhenses sobre o ciclo natalino (Natal, Ano Novo e Reis). Ficou impressionado ao encontrar informações sobre uma mulher que no período da escravidão escrevia poesias. Depois, encontrou informações sobre o romance Úrsula, publicado em 1859 cuja temática é a sociedade brasileira da época. [...]. (Suplemento Cultural e Literário JP-Guesa Errante. Ano III, ed. 100– 28.11.2008).
Somente a partir da edição fac-similar preparada por Horácio de Almeida e vinda a público em 1975, Úrsula passou ao conhecimento dos estudiosos. Neste ano, sai também o volume Maria Firmina, fragmentos de uma vida, de Nascimento Morais Filho, e Josué Montello, conterrâneo da autora, dedica-lhe artigo no Jornal do Brasil, publicado no ano seguinte em espanhol na Revista de Cultura Brasileña. O prefácio de Charles Martin à terceira edição (1988), o artigo de Luiza Lobo (1993), e o estudo assinado por Zahidé Muzart (2000) complementam a escassa recepção crítica obtida pelo livro. E mesmo um intelectual afro-descendente como Oswaldo de Camargo, em sua coletânea O negro escrito (1987), de incontestável relevância para o resgate de escritores afro-brasileiros do passado e do presente, passa ao largo da obra de Maria Firmina dos Reis. (Eduardo de Assis Duarte)
Um dos poucos registros de Maria Firmina,
encontrado na biblioteca pública de São Luís - MA
Historiadores da Literatura Brasileira têm considerado Tereza Margarida da Silva e Orta (mulher admirável, à frente do seu tempo, vida de romance) como a primeira romancista brasileira. Entretanto, embora tenha nascido no Brasil (SP-1711), essa escritora foi levada pela família (pai português), para Lisboa (1716), aos cinco anos. Na pátria de Camões, escreveu (1752), as “Máximas de Virtude e Formosura” – a partir das quais os príncipes de Tebas Diófanes, Climeia e Hemirena venceram as adversidades da vida – mais tarde intitulado de “Aventuras de Diófanes”, que poderia ser considerado o primeiro romance brasileiro, caso a autora tivesse vivido/convivido no país verdeamarelo. Em Portugal, também se casou (contra a vontade do pai) com o português Pedro Jansen Prat (de ascendência alemã, com quem teve 12 filhos) e, por ordem do Marquês de Pombal (1770), esteve presa, na torre, por 07 anos, vindo a falecer (1793) aos 82, sem nunca mais ter voltado à terra natal. Ressalte-se que, autoridades da nossa literatura, como Sílvio Romero, José Veríssimo, Afrânio Coutinho, Alceu Amoroso lima, Nelson Wernek Sodré, Antônio Cândido, Alfredo Bosi, Massaud Moisés, José Guilherme Merquior… não relacionam Tereza Margarida na produção literária brasileira. Assim, estamos com os que acham (Algemira de Macedo Mendes-Uespi, Eduardo de Assis Duarte-UFMG, dentre outros) que se pode considerar, como nossa pioneira no gênero, a maranhense Maria Firmina dos Reis – provavelmente, a primeira mulher brasileira a aventurar-se pelos domínios da ficção literária. (Deusa Maria Costa Leite)
Busto de Maria Firmina dos Reis do escultor maranhense
Flory Gama (in: vimarense.zip.net/arch2011-02.12011-20.28.html)
Ao escrever Úrsula, Maria Firmina assinou como “Uma Maranhense” – pseudônimo que se justifica nas limitações, nos preconceitos a que as mulheres eram submetidas e ainda no tratamento absolutamente inovador que a autora dá ao tema da escravidão no contexto do patriarcado brasileiro. A escritora que permaneceu no silêncio, no esquecimento do anonimato por muito tempo, admite, no prólogo da sua obra, saber que “pouco vale esse romance, porque escrito por uma mulher e mulher brasileira, de educação acanhada e sem o trato e a conversação dos homens ilustrados”. Essas palavras revelam a condição social de quem não pôde estudar na Europa para ter uma educação mais apurada, assim classificando o seu livro de “mesquinho e humilde”, mas desafiando: “ainda assim o dou a lume”. (Luisa Caroline Campos Santos).
No romance Úrsula, desde o começo, a voz enunciadora coloca-se do lado daqueles que almejam um Brasil liberto das desigualdades. Destaque-se, portanto, a posição corajosa de Maria Firmina dos Reis ao denunciar a ilegitimidade e violência da escravidão, justamente aqui no Maranhão, província considerada fortemente escravista. O fato de o vilão da história ser caracterizado como dos mais cruéis dos senhores, não quer dizer que a escravidão fosse legítima para os escravos pertencentes aos “bons senhores”. Trata-se como na perspicaz observação de Assis (2004), de uma obra marcada pelo que se pode chamar, em nossos dias, de “sentimento de brasilidade” [...]. A instigante novidade do texto firminiano reside na preocupação com a história e as raízes negras, bem como na referência constante à África; assim, o papel atribuído aos cativos, na trama, revelar-se-á fundamental. (Priscila da Conceição Viegas).
Nunca será demais exaltar a figura de Maria Firmina dos Reis no âmbito da educação, da cultura e das letras. A produção significativa que legou a nossa literatura local e nacional é argumento de autoridade a atestar essa inferência. Produção, aliás, que nem chegou a ser publicada em seu tempo e ainda hoje é praticamente desconhecida, mercê do preconceito e de outros fatores culturais que marcavam a sociedade maranhense no século XIX quando, então, ser mulher era também ser submissa, subalterna ao regime patriarcal – que conferia aos seus representantes o poder de estudar, até mesmo fora do Estado e do País. Ler, analisar, divulgar esta escritora, pioneira da nossa literatura de expressão feminina é, pois, um privilégio, um dever de todo o maranhense.
Maria Firmina foi aquela que não se deixou intimidar, que recusou-se à condição feminina de mera subserviência, que não desistiu de suas aspirações mas, superando suas limitações espaciotemporais, foi além, usando a sua escritura como arma de combate, demonstrando que a mulher é, sim, capaz de atuar produtivamente numa sociedade, sem ter que viver na subserviência, subestimada em sua inteligência e competência. Assim, no exercício da literatura e do magistério a que se entregou sem reservas, Firmina lutou com os recursos de que dispôs, no encalce dos seus ideais: liberdade de expressão e direito de ser – caminho que não lhe foi fácil percorrer, confrontando-se aos grandes escritores de outrora, formados no Sul do País ou mesmo na Europa. Primeira literata maranhense, romancista, contista, poeta, charadista e compositora de música, Maria Firmina dos Reis nasceu em São Luís do Maranhão (Rua de São Pantaleão, próximo à Igreja homônima), em 11 de outubro de 1825. Afro-descendente e filha natural (bastarda) de Leonor Felipa dos Reis e João Pedro Esteves. Na sua educação e formação, contou com a ajuda do primo (pelo lado materno), o escritor/educador Sotero dos Reis, vindo a ser a primeira professora concursada no seu Estado – aos 22 anos foi aprovada em concurso público para a Cadeira de Instrução Primária, cargo que exerceu pelo resto da vida, no município de Guimarães. Dedicou sua vida a ler, escrever, ensinar. Ao aposentar-se, fundou, em sua casa, a primeira escola mista e gratuita do Estado. Mulher de grande atividade intelectual, matriarca espiritual de seu povo. Adotou dez crianças (seus filhos do coração) e morreu pobre, cega e esquecida, em 11 de novembro de 1917, na cidade de Guimarães, longe do continente (Lobo, 1966). “Pobre, mulata e solteira”, enfrentou o preconceito social e racial próprios do seu meio e do seu momento histórico (temática tão bem abordada por Aluísio Azevedo no seu romance O Mulato). Mas, convicta do que pretendia alcançar, procurou expressar suas ideias e posições na tribuna literária, quebrando todas as barreiras, superando os seus impasses de mulher numa sociedade patriarcalista, inscrevendo-se na história da nossa literatura com os romances Úrsula (1859 – que a consagrou) e Gupeva (Semanário Maranhense – 1870) e o conto A Escrava (Revista Maranhense – 1887), o livro de poemas de cunho lírico/político Cantos à Beira-Mar (1871) – além dos enigmas, charadas e outros trabalhos de valor didático-pedagógico, também publicados em jornais locais.
Úrsula – Escrito quando a autora tinha um pouco mais de 30 anos (num momento em que a nossa prosa de ficção começa a dar os seus primeiros passos), mas publicado em livro somente em 1975 (pelo escritor Nascimento de Moraes Filho que o descobriu e coletou do Semanário Maranhense), inaugura o romance abolicionista brasileiro de expressão feminina.
No livro, o negro escravo é presença marcante, na medida em que a voz narradora “denuncia a violência do sistema escravista e questiona a sua legitimidade, num contexto em que os escravos eram arrancados da terra natal, transportados como animais em navios negreiros, reprimidos, sadicamente, em caso de justa revolta e separados de suas famílias, sem qualquer respeito pelos seus sentimentos. Trabalhavam sem descanso, alimentação, roupas ou moradia adequada” (Viegas, 2007). Trata-se de uma obra romântica, com timbres de denúncia social, tendo o amor (impossível) entre Úrsula e Tancredo como pano de fundo na temática abolicionista.
A narrativa inicia-se com o capítulo “Duas almas generosas”, que põe em cena o socorro prestado por Túlio (jovem escravo) a Tancredo (jovem branco, burguês), vítima de um acidente, durante um passeio a cavalo. O título supra referido já sugere a bondade, a generosidade, a solidariedade, falando alto, superando preconceitos, aproximando dois seres humanos socialmente distantes. A escravidão massacrante e odiosa não endurecera o coração do jovem negro, que cuida do branco e abastado Tancredo, vendo-o, tão somente, como alguém necessitado de ajuda. A autora quer patentear em sua obra que, não obstante as injustiças sofridas, os negros têm bom coração e capacidade de amar. Por seu lado, Túlio, o jovem branco, livre e rico, experimentando, gratificado, a bondade do seu salvador, compra-lhe a carta de alforria.
E o enredo prossegue, linearmente, em seu desenrolar. O escravo acolhe o cavaleiro ferido na casa da sua senhora (Úrsula, coincidentemente, prima de Tancredo). A situação promove o encontro dos dois jovens aparentados, acendendo-lhes a paixão que os transporta a breves momentos de felicidade, para culminar com a tragédia. Úrsula cuida da mãe doente, que fora traída pelo próprio irmão (tio da jovem), o Comendador – que, por ser contrário ao casamento da irmã, vem a assassinar o cunhado (pai de Úrsula) e a apossar-se dos bens da família. É o típico vilão da história, figura sádica do senhor cruel, que explora a mão de obra escrava até miná-la nas suas forças. O desfecho de tudo se dá com o assassinato de Tancredo (pelo tio da noiva), à porta da Igreja, na noite do seu casamento, seguindo-se o recolhimento de Úrsula, ao convento, o tardio remorso do assassino, a consequente libertação dos seus escravos e a loucura, culminando com a morte do vilão arrependido.
Em Gupeva – republicado também por Nascimento de Moraes Filho em Maria Firmina, fragmentos de uma vida/São Luís, 1975 – é a temática do indianismo que se sobreleva, num enredo em que o protagonista Gupeva, chefe indígena, apaixona-se por uma jovem chegada da Europa, ignorando o fato de ambos serem irmãos, filhos de um mesmo nobre francês.
Em A Escrava, publicado no auge da campanha abolicionista, a autora reitera seu discurso, sua postura antiescravista e republicana (já transparente em Úrsula), ficcionando, no enredo, uma conversa/discussão, em ambiente burguês, em que um dos convivas critica a escravidão, por ser esta anti-humanista e degradante para a sociedade. Trata-se de uma senhora que, assumindo-se pró-abolicionista, narra em flash back, o episódio em que tentou salvar a Mãe Joana, uma escrava fugida, e seu filho Gabriel. Não resistindo aos sofrimentos, a escrava faleceu. Quando o senhor/açoitador veio resgatá-la, a dita senhora, não admitindo que o filho de Joana voltasse a sofrer como escravo, comprou-lhe a carta de alforria.
Em 1889, compôs o Hino da libertação dos escravos (letra e música). Em 1895, aposentou-se do ensino público oficial (mas continuando a lecionar em sua casa), passando a colaborar no Jornal Diário do Maranhão; em 1897, no Pacotilha; em 1903, n’O Federalista.
Pode-se inferir que, numa visão intimista é que Maria Firmina deu à luz suas obras de teor abolicionista, posto que, vivia e sentia, por experiência própria, o preconceito que, corajosamente, denuncia, sublimando-o, ao escrever um dos nossos primeiros romances abolicionistas, para lembrar, finalizando, Assis Duarte que diz:
“O livro permaneceu fora de circulação por mais de um século e seu resgate vem contribuir para a reescrita de nossa história literária. Até porque inaugura uma perspectiva diferenciada quanto ao trato do problema da escravidão, que não encontra na obra dos demais escritores do período romântico. A autora – mulher, mestiça, bastarda e criada sem a presença dos pais – assume o ponto de vista do outro, tanto no que diz respeito à representação dos escravizados, quanto no inédito enfoque das relações de dominação patriarcal sob a perspectiva da mulher. Ao publicar Úrsula, Maria Firmina dos Reis desconstrói igualmente uma história literária etnocêntrica e masculina até mesmo em suas ramificações afrodescendentes. Úrsula não é apenas o primeiro romance abolicionista da literatura brasileira, fato que, inclusive, nem todos os historiadores admitem. É também o primeiro romance da literatura afro-brasileira, entendida esta como produção de autoria afro-descendente, que tematiza o assunto negro a partir de uma perspectiva interna e comprometida politicamente em recuperar e narrar a condição do ser negro em nosso país. Acresça-se a isto o gesto (civilizatório) representado pela inscrição em língua portuguesa dos elementos da memória ancestral e das tradições africanas. Texto fundador, Úrsula polemiza com a tese segundo a qual nos falta um “romance negro”, pois apesar de centrado nas vicissitudes da heroína branca, pela primeira vez em nossa literatura, tem-se uma narrativa da escravidão conduzida por um ponto de vista interno e por uma perspectiva afro-descendente”. (In: REIS, 2004, posfácio)
REFERÊNCIAS
CAMPOS SANTOS, Luisa Caroline (bolsista/orientanda) e CORRÊA, Dinacy Mendonça (orientadora). Projeto Teares da Literatura Maranhense – a tessitura feminina. Pibic-Uema/Fapema, 2006/07 – relatório final.
CORRÊA, Dinacy Mendonça (orientadora) e VIEGAS, Priscila da Conceição (bolsista orientanda). Projeto Teares da Literatura Maranhense: romancistas contemporâneas. Pibic-Uema, 2006/07 – relatório final.
COSTA LEITE, Deuza Maria. A Literatura Maranhense na Expressão Feminina – pequena antologia crítica. Monografia de Conclusão do Curso de Licenciatura em Letras (sob a orientação da Prof. Dinacy Mendonça Corrêa). São Luís-Ma: Uema, 1999.
DUARTE, Eduardo de Assis. In: Reis, Maria Firmina dos. Úrsula, 4ª. ed. – PUC/Florianópolis-MG:Editora Mulheres (atualização do texto e posfácio).
LOBO, Luiza. A Literatura de Autoria Feminina na América Latina. Rio de Janeiro:UFRJ, 1996.
REIS, Maria Firmina dos. Úrsula. 4ª. ed. PUC/Florianópolis-MG: Editora Mulheres.
SUPLEMENTO CULTURAL E LITERÁRIO JP-GUESA ERRANTE. Ano III, ed. 100 – 28.11.2008.
Outras análises dignas de leitura por parte dos Amigos do EM.
Novos ângulos e importantes visões da vida e da obra de
MARIA FIRMINA DOS REIS
(link para acessar cada trabalho)
1)
"A mente, essa ninguém pode escravizar": Maria Firmina dos Reis e a escrita feita por mulheres no Maranhão
Régia Agostinho da Silva
Professora do Departamento de História da Universidade Federal do Maranhão. Mestre em História Social na Universidade Federal do Ceará.
Resumo: O presente artigo analisa duas obras de Maria Firmina dos Reis, o romance “Úrsula”, 1859 e o conto “A Escrava”, 1887, onde a autora maranhense, nascida em São Luís em 1825, discute a relação entre senhores e escravos, colocando-se como uma voz abolicionista no Maranhão do século XIX. Na análise dessas duas obras procura-se também discutir a autoria feminina no Brasil ao longo do século XIX.
1 ANPUH – XXV SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA – Fortaleza, 2009.
2)
Juliano Carrupt do Nascimento
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em Letras
Vernáculas da Universidade Federal do Rio
de Janeiro como quesito para obtenção do
Título de Mestre em Letras Vernáculas
(Literatura Brasileira).
Orientador: Prof. Doutor Alcmeno Bastos
NASCIMENTO, Juliano Carrupt do. O romance Úrsula de Maria Firmina dos Reis:
estética e ideologia no Romantismo brasileiro. Rio de Janeiro: Faculdade de Letras da UFRJ. 106 fl. 2009. Dissertação de Mestrado em Literatura brasileira.
Resumo:
Esta dissertação desenvolve a crítica sobre a construção narrativa do romance Úrsula (1859), demonstrando que a mulher e o negro, como personagens, desorganizam o mandonismo patriarcal e escravocrata vigente na cultura e literatura brasileiras do século XIX. A contribuição de Maria Firmina dos Reis para a visibilidade feminina e a elaboração da identidade africana do negro escravo está ligada ao travejamento discursivo da estética romântica. A investigação se concentra no modo que o romance se constrói, na distribuição de vozes que tecem o encadeamento narrativo. A estratégia do deslocamento do poder efetuado pela narradora, através de seu recurso estilístico, cria o efeito estético que se harmoniza à concepção ideológica localizando a mulher e o negro como personagens não cordiais em relação aos senhores da terra.
http://www.letras.ufrj.br/posverna/mestrado/NascimentoJC.pdf
http://www.letras.ufrj.br/posverna/mestrado/NascimentoJC.pdf
3)
Lívia Menezes da Costa Molina
Graduanda em Letras pela UFMG.
Maria Firmina dos Reis, 150 anos de pura ousadia.
Um texto descoberto em um arquivo empoeirado não
será bom e interessante, só porque foi escrito por uma
mulher. É bom e interessante porque nos permite chegar
a novas conclusões sobre a tradição literária das
mulheres, saber mais sobre como as mulheres desde
sempre enfrentaram seus temores, desejos e fantasias e
também as estratégias que adotaram para se
expressarem publicamente, apesar de seu confinamento
ao pessoal e ao privado.
Sigrid Weigel
4)
Posfácio de Eduardo de Assis Duarte* ao livro Úrsula, de Maria Firmina dos Reis, 4ª. edição, Editora Mulheres, Florianópolis; PUC Minas, Belo Horizonte, 2004, 288 páginas.
* Professor de Teoria da Literatura e Literatura Comparada da UFMG; Coordenador do Projeto Integrado de Pesquisa “Afro-descendências: raça/etnia na Cultura Brasileira”, apoiado pelo CNPq.
5)
- Gênero e etnia no nascente romance brasileiro
Constância Lima Duarte
Universidade Federal de Minas Gerais
Revista Estudos Feministas
Print version ISSN 0104-026X
Rev. Estud. Fem. vol.13 no.2 Florianópolis May/Aug. 2005
http://dx.doi.org/10.1590/S0104-026X2005000200019
Resenhas
Úrsula.
REIS, Maria Firmina dos.
4. ed. Atualização do texto e posfácio de Eduardo de Assis Duarte.
Florianópolis: Editora Mulheres; Belo Horizonte: PUC Minas, 2004. 288 p.
6)
Na contramão: A narrativa abolicionista de Maria Firmina dos Reis
Cristina Ferreira Pinto-Bailey
Washington and Lee University
Virginia, Estados Unidos
7)
Maria Firmina dos Reis, negra – 1ª. poeta maranhense e 1ª. romancista brasileira
8)
Um olhar sobre o romance Úrsula, de Maria Firmina dos Reis
Soraia Ribeiro Cassimiro Rosa
Graduanda em Letras – Habilitação Português / Espanhol, pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro - UFMT. Trabalho orientado pela profa. Dra. Fany Tabak, da mesma Instituição.
LITERAFRO - www.letras.ufmg.br/literafro
RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo a abordagem do romance Úrsula, de Maria Firmina dos Reis, tendo como perspectiva a sua leitura dentro do panorama da literatura brasileira canônica e a articulação própria que faz entre discurso literário e histórico. O romance foi publicado em 1859, em pleno romantismo, e é marcado por uma visão peculiar no que tange ao possível discurso das minorias no século XIX. Sua narrativa divide uma estrutura bastante conhecida dos chamados romances românticos e a inovação de um discurso que parece romper com a tradicional visão do negro difundida nos romances da época.
“A voz de minha bisavó ecoou
criança
nos porões do navio.
Ecoou lamentos
de uma infância perdida”.
Conceição Evaristo (1)
Nota do EM:
(1) - Escritora, poetisa, educadora e também uma Mulher de Fibra e de Valor presente às páginas deste blogue no segmento "Elas Expressam".
9) O Livro de Poesia de Maria Firmina dos Reis
("Cantos à beira-mar", 1871)
Artigo de Juliano Carrupt do Nascimento
Mestrando em Literatura Brasileira - UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro)
10)
Anais do XIV Seminário Nacional Mulher e Literatura_ / V Seminário Internacional Mulher e Literatura
REPRESENT(AÇÕES) LITERÁRIAS EM A
ESCRAVA, DE MARIA FIRMINA DOS REIS
Elizângela Fernandes Barbosa
Mestranda – Universidade Estadual de Montes Claros. Participação no Evento com apoio financeiro da Fapemig.
RESUMO: o artigo tem como ponto de partida o conto A escrava, publicado na revista Maranhense (1887:1, nº3), de Maria Firmina dos Reis, escritora negra, criadora de uma literatura engajada no auge da campanha abolicionista. 2. A investigação se concentra no modo que a narração possibilita a discussão da alteridade e, simultaneamente, a denúncia da condição crítica do escravo e da mulher. A figura da “louca” e sua ligação com a autoria feminina, a luta por autonomia e resistência criativa à dominante sociedade patriarcal brasileira do século XIX, em busca de novos papéis e
expectativas sociais, é uma questão que deve ser também considerada neste trabalho.
http://www.telunb.com.br/mulhereliteratura/anais/wp-content/uploads/2012/01/elizangela_fernandes.pdf
11)
Maria Firmina dos Reis, 150 anos de pura ousadia.
Lívia Menezes da Costa Molina
Um texto descoberto em um arquivo empoeirado não
será bom e interessante, só porque foi escrito por uma
mulher. É bom e interessante porque nos permite chegar
a novas conclusões sobre a tradição literária das
mulheres, saber mais sobre como as mulheres desde
sempre enfrentaram seus temores, desejos e fantasias e
também as estratégias que adotaram para se
expressarem publicamente, apesar de seu confinamento
ao pessoal e ao privado.
Sigrid Weigel
12)
Maria Firmina dos Reis - Entre versos, prosa e consciência
13)
Régia Agostinho da Silva analisa Gupeva
(conto de Maria Firmina dos Reis)
14)
Unidade I
LITERATURA BRASILEIRA
E LITERATURA AFRO-BRASILEIRA
15)
Tese da Dra. Algemira Macedo Mendes
defendida em 2006 na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
Tese apresentada como requisito parcial para a obtenção do grau de Doutor em Letras, na área de concentração de Teoria da Literatura.
Ano de 2006.
Instituição depositária:
Biblioteca Central Irmão José Otão
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
RESUMO:
O presente trabalho, Maria Firmina dos Reis e Amélia Beviláqua na história da literatura brasileira: representação, imagens e memórias do século XIX e XX, tem como suporte teórico a História da Literatura, História, Histórias das Mulheres e Teoria Literária. Seu objetivo foi rastrear o processo de inclusão e de exclusão das escritoras Maria Firmina dos Reis e Amélia Beviláqua na historiografia literária brasileira do século XIX e século XX. Realizou-se estudo extratextual e intratextual das obras Úrsula, de Maria Firmina dos Reis, assim como dos romances Angústia e Jeanete de Amélia Beviláqua, verificando as memórias, imagens e representações do estatuto da mulher no contexto sociopolítico e cultural no qual as obras se inserem.
Para ler "CANTOS À BEIRA-MAR",
poemas de
MARIA FIRMINA DOS REIS
A primeira romancista afro-descendente do Brasil,
acesse "ETERNAS":
COMENTÁRIO ORIGINALMENTE PUBLICADO EM 08-03-2014
ResponderExcluirQueridas amigas Ilka Vieira e Regina Coeli. Venho aqui parabenizá-las pelo extraordinário trabalho colocado à disposição dos leitores internautas, em homenagem ao Dia Internacional da Mulher. Vocês, através deste maravilhoso site, prestam relevante serviço ao mundo cultural, proporcionando aos amantes da poesia e da literatura em geral, um espaço de extremo bom gosto e excelente conteúdo literário. Um forte abraço - Sardenberg em . DIA INTERNACIONAL DA MULHER / 2014
Sardenberg
em 08/03/14
COMENTÁRIO ORIGINALMENTE PUBLICADO EM 08-03-2014
ResponderExcluirRegina e Ilka, Eis-me aqui novamente aplaudindo, de pé, o belo, instrutivo, amoroso, singular e comovente trabalho dessa valorosa dupla. Vocês mulheres, merecedoras de todas as homenagens neste 08 de março de 2014, nos brindam com a divulgação de Maria Firmina dos Reis e prestam uma importante contribuição à cultura brasileira ao divulgar essa pioneira numa homenagem justa e merecida a ela e à sua obra. É o permanente engrandecimento do conjunto da obra de vocês no EM com muito afinco, zelo, dedicação e, não tenho dúvidas, sacrifícios pessoais para que nós outros recebamos essas preciosidades, para sempre inolvidáveis. Meu fraterno abraço com profunda admiração e eterno agradecimento. Marcelo Escocard, Rio de Janeiro em . DIA INTERNACIONAL DA MULHER / 2014
Marcelo Escocard
em 08/03/14
COMENTÁRIO ORIGINALMENTE PUBLICADO EM 09-03-2014
ResponderExcluirPerfeito! Sim, perfeito o trabalho de pesquisa de vocês! Leitura para sempre! Regina e Ilka, recebam meu abraço carinhoso e pleno de reconhecimento. em . DIA INTERNACIONAL DA MULHER / 2014
Gilia GerlinG
em 09/03/14
COMENTÁRIO ORIGINALMENTE PUBLICADO EM 09-03-2014
ResponderExcluirDando continuidade a esse primoroso trabalho, as GRANDES MULHERES, Regina e Ilka, nos apresentam outra GRANDE MULHER, brasileira, afro-descendente, autodidata, a esquecida dos seus tempos mas retirada das cinzas do esquecimento pela garra de alguns poucos e, agora. pelo empenho destas divulgadoras da cultura. Obrigada, muito obrigada por compartilhar tamanha beleza. Deus as abençoe e que continuem lutando pelas raízes de nossa literatura. Meus aplausos sempre. Cleide Canton em . DIA INTERNACIONAL DA MULHER / 2014
Cleide Canton
em 09/03/14
COMENTÁRIO ORIGINALMENTE PUBLICADO EM 10-03-2014
ResponderExcluirQueridas amigas, Regina e Ilka, não pensem que estou alheia a este fantástico trabalho de pesquisa literária, estou sorvendo a leitura de cada uma das pesquisadoras e agradecendo a cada instante a existência do comprometimento de vocês com a verdadeira cultura. Percebe-se pelos comentários registrados que o espaço EM é frequentado por leitores que buscam conhecimento e anseiam pelo desbravamento da nossa história literária e cultural. Abençoadas sejam vocês, Ilka e Regina, por serem mentoras deste magnífico projeto – Expressão Mulher. Volto em breve com comentários sobre Maria Firmina dos Reis e o maravilhoso trabalho de vocês. Grande e apertado abraço para vocês. Marilda Diorio Menegazzo Curitiba - Paraná em . DIA INTERNACIONAL DA MULHER / 2014
Marilda Diorio Menegazzo
em 10/03/14
COMENTÁRIO ORIGINALMENTE PUBLICADO EM 11-03-2014
ResponderExcluirMais uma página que nos traz cultura e conhecimento.Belíssima escolha Ilka e Regina. Esta homenagem ao dia da mulher representada por MARIA FIRMINA DOS REIS só nos faz curvarmos para reverencia-la. Obrigada, muito obrigada meninas amigas sempre enriquecendo-nos com cultura, conhecimento e beleza. Meu carinho e admiração sempre! em . DIA INTERNACIONAL DA MULHER / 2014
Sandra Lúcia Ceccon Perazzo
em 11/03/14
COMENTÁRIO ORIGINALMENTE PUBLICADO EM 14-03-2014
ResponderExcluirMais uma vez registro aqui a minha grande admiração pelo Expressão Mulher que, assim como em 2013, agora em 2014 celebra o dia internacional da MULHER com mais uma brasileira de peso que deixou entre nós sua rica obra, sua visão inteligente e defensora da igualdade. Maria Firmina entra no EM com o destaque que lhe é merecido e felizmente reconhecida como uma grande Mulher. Parabéns, Ilka e Regina! Abraço carinhoso, Verinha Consuelo em . DIA INTERNACIONAL DA MULHER / 2014
Verinha Consuelo
em 14/03/14